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Rápido, ético e sociável: a imagem que Roland Ratzenberger deixou no automobilismo

Emanuel Colombari

(Imagem: @F1/Twitter)
(Imagem: @F1/Twitter)

O Grande Prêmio de San Marino de 1994 é sempre lembrado pela morte de Ayrton Senna no domingo, 1º de maio. Mas também pela morte de Roland Ratzenberger na véspera, 30 de abril.

Ratzenberger sofreu um violento acidente durante a classificação, quando a asa dianteira de sua Simtek se soltou – o austríaco se chocou contra o muro a quase 315 km/h, sofrendo um impacto de 500G, a maior força G de um acidente da história da F1. Levado ao hospital Maggiore, em Bolonha, foi declarado morto tão logo chegou ao local.

Ratzenberger tinha 33 anos e uma carreira de resultados consideráveis no automobilismo. Após conquistar algumas vitórias na Fórmula Ford e na Fórmula 3 europeia entre 1985 e 1988, conquistou o terceiro lugar na temporada 1989 da Fórmula 3000 britânica – o título foi vencido pelo australiano Gary Brabham.

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Nos anos seguintes, Ratzenberger se dividiu entre a Fórmula 3000 japonesa e as competições de carros esportivos. Foi vencedor da classe C2 das 24 Horas de Le Mans em 1993 (quinto na classificação geral) e segundo em 1992 (nono na classificação geral).

No entanto, ainda não havia conseguido chegar à Fórmula 1, categoria na qual vários rivais dos tempos de F-3000 chegaram. A primeira chance veio em 1991, mas as conversas com a Jordan não evoluíram. Depois, em 1994, conseguiu um contrato de cinco corridas para correr pela Simtek.

O desempenho foi apagado. Sem conseguir se classificar para o GP do Brasil, foi o 11º colocado do GP do Pacífico, a cinco voltas de Michael Schumacher, o vencedor com a Benetton. No GP de San Marino, veio o acidente fatal.

Imagem: @david_brabham/Instagram

A corrida não foi cancelada. As mortes de Ratzenberger e Senna foram as primeiras da F1 desde o acidente fatal de Elio de Angelis durante testes com a Brabham em 1986. O luto só marcaria novamente a categoria em 2014, após o acidente de Jules Bianchi no GP do Japão – o francês ficou em coma e morreu sete meses depois, em julho de 2015.

Entre os nomes que dividiram a pista com Roland Ratzenberger, a certeza de que a morte abreviou uma carreira que poderia se mostrar bem razoável. Confira depoimentos:

Eu realmente não conheci ele tão bem, mas certamente sabia quem ele era o que ele havia alcançado na carreira. Ele era um piloto experiente, que sempre mostrou ser rápido, não cometia erros e parecia bastante completo.

David Brabham, companheiro de Roland Ratzenberger na Simtek em 1994

Era um homem maravilhoso. Era muito raro vê-lo sem estar sorrindo.

Johnny Herbert, piloto da Lotus na temporada 1994 da F1

Ele teria feito um bom trabalho na Fórmula 1. Ele era um piloto muito bom, muito determinado.

Eddie Jordan, ex-proprietário da equipe da Jordan

Um cara adorável que viveu para correr. Um bom polivalente. Ele chegou lá porque trabalhava de maneira ética.

Dick Bennetts, chefe de equipe da West Surrey Racing, equipe pela qual Ratzenberger correu nos campeonatos britânico e europeu de Fórmula 3 em 1987

Um cara muito legal, muito sociável. Muito afável.

Anthony Reid, rival na temporada 1993 da Fórmula 3000 japonesa

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.