A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, vive um cenário com dois lados opostos. Ao mesmo tempo em que toda a população é vacinada contra a Covid-19, a rede hospitalar colapsou devido ao grande número de doentes. As informações são da Ana Paula Rodrigues, da Rádio Bandeirantes.
A moradora Ângela Maria Ribeiro sabe que foi privilegiada. “Não via a hora de tomar a vacina, na hora da aplicação, confesso, que até chorei de emoção. Me sinto muito privilegiada por nossa cidade ser escolhida para fazer esse estudo”, disse.
A autônoma de 58 anos faz parte do projeto do Instituto Butantan que testa a eficácia da CoronaVac após a imunização em massa.
Para Ângela, o alívio de estar protegida não diminui a dor da perda de pessoas que foram contaminadas, mas dá a perspectiva de dias melhores.
“Todo mundo da minha família foi vacinado, inclusive, minha mãe, que já tem 80 anos e tomou as duas doses. Foram dias bem difíceis, eu perdi vários amigos aqui da cidade e de outras cidades também”, contou.
Mais de 26 mil pessoas receberam a primeira dose da CoronaVac em Serrana, uma adesão de 97% do público-alvo desse teste. Parte já começou a receber a segunda dose da vacina, mas apenas nisso Serrana se difere do restante do estado de São Paulo.
A cidade também viu as únicas 12 vagas de UTI da cidade serem ocupadas nos últimos dias após as contaminações dispararem e não só aderiu às medidas de restrição anunciadas pelo governo, como optou pelo fechamento total do comércio, como supermercados e padarias, aos fins de semana.
A vacinação não impediu que a escalada da pandemia atingisse a cidade porque o processo de imunização ainda não está completo, como explica o prefeito Léo Capitelli.
“A vacinação é importante ter as duas doses. Nós não terminamos nosso sistema de imunização, uma dose só não basta. É superimportante a segunda dose da vacina e tenho certeza que as próximas quatro semanas em breve vamos poder levar resultado que vai trazer a esperança de um 2021 de vida e cura”, disse.
Esperança de dias melhores e cuidados devem andar lado a lado. É assim que o Vinícius Sinastre, de 26 anos e já vacinado, tem agido
“Ainda temos bastante gente doente, mesmo assim tenho esperança que vamos conseguir passar por essa parte da história juntos e de cabeça erguida. Acredito que a população de Serrana foi lisonjeada na escolha da cidade e isso traz uma esperança que a cidade seja uma das primeiras a voltar ao ‘normal’”, disse.
Os resultados da pesquisa do Instituto Butantan em Serrana devem ser divulgados em maio.