Morre Anderson do Molejo, aos 51 anos, vítima de câncer

Um dos maiores ícones do pagode dos anos 90 não resistiu a doença, que tratava desde 2022.

João Pedro Obiler*

Morre Anderson do Molejo, aos 51 anos, vítima de câncer
Anderson do Molejo.
Reprodução/vídeo

O cantor Anderson Leonardo, o "Anderson Molejão", morreu nesta sexta-feira (26) aos 51 anos, vítima de câncer. A equipe do artista confirmou a morte no início da tarde. Ele passou por diversas internações e seu estado de saúde vinha se agravando nos últimos dias.

O velório está marcado para às 10h de domingo (28), em Sulacap, na Zona Oeste. O sepultamento será às 16h.

Altos e baixos marcaram a luta de Anderson Leonardo contra o câncer. Em outubro de 2022, o cantor e compositor do Grupo Molejo foi diagnosticado com um tumor na região da inguinal, depois de um exame de biópsia requisitado por um urologista para investigar saliências na virilha. Na época, o artista ocultou o tipo de câncer, e dois meses após o diagnóstico compartilhou que estaria curado.

A comemoração se mostrou prematura quando, em maio de 2023, o vocalista anunciou em um podcast que teria que retomar o tratamento contra o câncer. Ele chegou a ser internado alguns meses depois, em setembro, para tratar de uma embolia pulmonar, mas teve alta algumas semanas depois, ainda seguindo o tratamento oncológico.

Em fevereiro deste ano, o cantor voltou a ser internado para realizar imunoterapia e receber medicações para a dor. Pouco tempo depois de receber alta, no dia 13 de março, o artista passou por uma segunda internação, dessa vez para realizar um procedimento de plexo nervoso hipogástrico para dor, e teve alta no dia 19. Em menos de uma semana, no dia 24, Anderson foi internado novamente devido ao agravamento do seu quadro de saúde, que foi considerado gravíssimo.

Casado com a administradora Paula Cardoso, o artista deixou quatro filhos.

Carreira de sucesso

O cantor carioca começou a trilhar seu caminho na música desde cedo. Aos 13 anos, teve a oportunidade de cantar com Roberto Carlos um verso composto pelo jovem pagodeiro em homenagem ao rei. Anderson declarou em várias entrevistas que desse momento em diante soube que seria músico. Foram mais de 100 composições e mais de três décadas de carreira.

O ícone do pagode também se tornou sinônimo da banda que participava, ganhou como sobrenome “Molejo” e assim ficou eternizado. O Grupo Molejo, formado no fim dos anos 80, foi um dos grupos mais populares de pagode dos anos 90 e continuou a fazer sucesso mesmo com o passar dos anos. O primeiro álbum, lançado em 1993, foi extremamente bem recebido na rádio e nos bailes, feito compartilhado pelo último álbum do grupo, lançado em 2016, que dessa vez caiu nas graças da internet.

Mesmo estando em um hiato de oito anos de lançamentos desde o último álbum, o grupo continua a realizar shows. E o tratamento de Anderson não o impediu de cumprir boa parte da agenda da banda. Mesmo debilitado fisicamente, o artista mostrou entusiasmo em suas aparições recentes.

Conforme seu estado de saúde piorou, o músico precisou se ausentar dos palcos. Em seu Instagram, vídeos e fotos do cantor deram lugar a informes de seu estado de saúde. No dia 22 de março, a família de Anderson chegou a fazer uma publicação pedindo doações de sangue para ele.

Luto na música

Todos os integrantes do Molejo foram até a unidade hospitalar onde o cantor estava internado. Com muita emoção, Andrezinho, também vocalista, contou que o desejo de Anderson era que o grupo continuasse.  

"A primeira vez que ele se internou ele falou isso pra gente também: vamos lá rapaziada não deixa cair, ‘vambora’. Vamos trabalhar, vamos continuar e eu vou voltar e a gente vai estar junto novamente. Infelizmente de hoje em diante ele não vai estar mais com a gente, mas ele deixou esse pedido que era o que ele falava sempre tanto individualmente, quanto no grupo em todos os momentos que nós estávamos juntos. Então, nós vamos fazer por onde pra isso tudo continuar".

Nas redes sociais, a vida e a carreira do cantor foram celebradas através de diversas homenagens de fãs e artistas. Dudu Nobre lamentou a perda do amigo e colega de profissão.

“Hoje é um dia de muita tristeza. O samba e a música perdem um cara fantástico, um cara que era pura alegria, talento genialidade. Meu irmão Anderson Leonardo”.

Outro ícone do pagode, Xande de Pilares, falou com pesar da morte de Anderson.

"Eu tenho o Anderson como um irmão. E por ironia do destino foi um professor. Depois eu conheci um outro professor, Ubirajara de Souza, que era pai dele. E lidar com alegria e tristeza não é fácil, mas faz parte da vida. Eu quero que Deus tenha ele num lugar que ele seja merecedor, porque ele foi uma pessoa muito bacana".

*Sob supervisão de Christiano Pinho.