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Gastos sob sigilo, "rachadinhas" e ofensas: as polêmicas de Bolsonaro e sua família

Presidente e seus filhos aparecem nas manchetes também por controvérsias fora da esfera política

André Augusto

Além das atitudes consideradas controversas politicamente pelos seus opositores, a chama do caldeirão de polêmicas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é alimentada pelo noticiário que envolve a sua família, principalmente os quatro filhos e pessoas que convivem em seu entorno. 

São inúmeras as vezes em que Bolsonaro afirma, sem provas, faz acusações de fraudes contra o sistema eleitoral e as urnas eletrônica. As denúncias envolvendo o presidente e sua família têm colaborado para derrubar a aprovação à gestão do Planalto, que chegou ao menor índice (27%) desde que a pesquisa feita pelo PoderData começou a ouvir eleitores em seus levantamentos.

Gastos de cartão corporativo sob sigilo

Levantamentos realizados pela imprensa indicam que entre janeiro e agosto de 2021, os gastos do cartão corporativo do presidente --destinado ao pagamento de despesas pessoais dele e de familiares-– atingiram R$ 5,8 milhões. O valor é recorde para o período desde que o benefício passou a ser utilizado pelos presidentes, em 2001. 

Entretanto, o Planalto impôs sigilo sobre as informações no Portal da Transparência sobre como o cartão foi utilizado. A auditoria sobre os gastos do presidente será feita pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

No último período de férias do presidente, entre 18 de dezembro e 5 de janeiro, Bolsonaro havia gasto R$ 1,2 milhão somente no cartão corporativo em despesas pessoas nas visitas a São Francisco do Sul (SC) e Guarujá (SP).

Filhos mudam para mansões no DF

Ainda no campo de gastos de familiares, dois dos filhos do presidente se mudaram recentemente para mansões em bairros nobres de Brasília. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), adquiriu recentemente um imóvel luxuoso avaliado em R$ 6 milhões, em construção de 1.100 m², com piscina, spa e outras facilidades. 

Já o filho “04”, Jair Renan se mudou com a mãe e ex do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle, para uma mansão avaliada em R$ 3 milhões e com aluguel calculado de R$ 12,5 mil – acima do valor que ela ganha como assessora parlamentar, de R$ 8,1 mil.

Quebra de sigilos de Carlos na investigação das "rachadinhas"

Na última semana, a Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso que apura o suposto crime das “rachadinhas” e a contratação de funcionários fantasmas no gabinete do parlamentar. 

Desde o início da investigação, em 2019, é a primeira vez que o MP fala da possibilidade de desvio de salário de assessor no gabinete do vereador. O processo contra Flávio, acusado da mesma prática em seu gabinete, segue paralisado no STF para determinar sob qual foro ele seria julgado.

Em entrevista ao site “Metrópoles”, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, ex-empregado da família Bolsonaro que o acusou de uma série de crimes enquanto deputado, confirmou ainda que entregava 80% do salário que recebia nos gabinetes de Carlos e Flávio para a advogada Ana Cristina Valle, então mulher do presidente.

“04” sem máscara em balada irregular

Jair Renan esteve em uma festa de luxo clandestina em Goiânia, no fim de agosto, em evento irregular com mais de mil pessoas. Sem máscara, Renan apareceu no evento em uma foto postada nas redes sociais ao lado de dois jovens, que também não usavam a proteção. Filho mais novo do presidente, o “04” não estava no local quando os agentes chegaram ao local.

Ofensas pessoais ao STF, CPI e repórter

Além dos embates no campo político, Bolsonaro é criticado por, constantemente, ofender seus críticos ou opositores. Recentemente, três episódios reforçaram tal tendência. Em junho, durante visita a Guaratinguetá (SP), o presidente mandou uma repórter “calar a boca” durante um questionamento pela ausência da máscara facial em público, sendo acusado de machismo e de cercear o trabalho da imprensa.

Depois, no início de julho, em resposta à CPI da Pandemia sobre uma carta protocolada em que os senadores cobram uma resposta sobre supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, denunciadas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), o mandatário do Planalto soltou o verbo contra os opositores: “Caguei para a CPI”, disse. Além da ofensa, ele ainda chamou Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, de “saltitante".

No meio da crise entre Executivo e Judiciário, o presidente subiu o tom e fez ofensas pessoais contra Luís Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do TSE durante conversa com apoiadores em um evento em Joinville (SC) sobre a polêmica sobre supostas fraudes em urnas eletrônicas. "Aquele filho da p... ainda trai a gente dessa maneira. Aquele filho da p... do Barroso", disse.

Recentemente, a TV estatal britânica BBC anunciou que fará um documentário sobre a família do presidente, intitulada “The Bolsonaros”, sobre a ascensão ao poder e as polêmicas nesta trajetória, como a fala mais recente, onde chamou de “idiota” quem diz que é preciso comprar feijão em vez de fuzil

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