Olhar de Repórter

Cracolândia se expande, com mais furtos, roubos e violência

Números da violência até outubro já são maiores que todo ano de 2021

Olhar de Repórter

Alguns pontos do centro da cidade de São Paulo ainda preocupam moradores e autoridades envolvidas com questões de saúde pública e segurança. Nossa equipe encontrou um dos fluxos da Cracolândia na Rua Conselheiro Nébias. Por ali, foi possível ver vários dependentes químicos usando crack sem nenhum incômodo. Mas de repente, a surpresa. Viaturas da Polícia Militar chegaram e deram início a uma abordagem. Um suspeito saiu correndo e o policial foi atrás dele apontando uma arma. 

Em um ponto da Rua Helvetia, perto da Avenida São João, a Cracolândia ainda está em atividade. A diferença é que agora os usuários ocupam somente metade da via, o que permite a passagem dos carros. Viaturas da PM e da guarda civil metropolitana chegaram a controlar a movimentação no local, mas agora elas não estão mais por aqui. 

De acordo com a prefeitura, atualmente a quantidade de núcleos da Cracolândia no centro da cidade varia de três a quatro, dependendo da movimentação dos usuários, que são cerca de quinhentos. De janeiro a setembro deste ano, foram feitas 59 internações, sendo que 57 foram voluntárias, que é feita quando o usuário aceita ajuda de livre e espontânea vontade. Duas delas foram involuntárias, com autorização dada pela família. As internações compulsórias, que são determinadas pela Justiça, não foram registradas nesse período. 

De janeiro a agosto deste ano, o número de atendimentos a usuários no Caps (Centos de Atendimento Psicossocial), aumentou 42%, de 453 para 641. No mesmo período, o Siat, serviço integrado de acolhida terapêutica também registrou alta: passou de 27 para 122 atendimentos. 

Outro problema sério: um levantamento feito pela secretaria estadual de Segurança Pública mostra os números da violência no Centro de São Paulo. 

Em 2021, foram registrados 8.020 roubos. Mas só de janeiro a agosto deste ano, esse número já subiu para 8.300.  

Em relação aos furtos, a quantidade registrada nos primeiros 8 meses deste ano (17008) chega perto do total registrado no ano passado (18821).

A quantidade de estupros na região central diminuiu de 41 em todo ano de 2021 para 28 de janeiro a agosto de 2022.  

Uma das ações criminosas que têm chamado muita atenção é a da chamada “Gangue da Covelada”. Bandidos amedrontam motoristas que passam no centro quebrando as janelas dos carros com os cotovelos, para roubar os pertences das vítimas. Mas a polícia não associa esses roubos diretamente com os frequentadores das Cracolândias.

A praça princesa Isabel, que já foi ocupada pela Cracolândia, agora vai virar parque. A ideia é garantir que as pessoas possam andar tranquilamente por aqui. O problema está no entorno. Não é difícil encontrar usuários de drogas perambulando na região. E isso atrapalha a vida de Luciana, que tem um estúdio de tatuagem e reclama da fuga de clientes. 

Reforma no Edifício Prestes Maia

Assim que a prefeitura aprovou a reforma do edifício Prestes Maia, o John, que é engenheiro da empresa que ganhou a licitação, veio aqui com uma trena digital para tirar as últimas medidas antes do início da obra. E quando tudo começar, vão ser dezoito meses de muito trabalho para construir duzentas e oitenta e sete unidades habitacionais como essas, do projeto enviado pela secretaria de habitação da prefeitura de São Paulo. Os apartamentos vão ter duas configurações: de trinta e cinco e cinquenta e seis metros quadrados.  

A recuperação do prestes maia vai custar setenta e seis milhões de reais e vai ser bancado pela prefeitura no programa pode entrar, criado no fim do ano passado.  

Inaugurado na década de cinquenta, o prestes maia foi sede de uma fábrica de tecidos. Nos anos 1990, foi comprado por um empresário do ramo de confecção, que o abandonou anos depois. Em 2002, o edifício foi ocupado e chegou a abrigar 474 famílias. Em 2007, um plano de reforma esvaziou o local.  Mas como nada foi feito, houve uma segunda ocupação. Em 2014, ele foi desapropriado. Havia uma dívida de IPTU de R$ 4 milhões, e a prefeitura pagou mais R$ 9 milhões pelo prédio. Agora, vai ser o endereço de famílias de baixa renda inscritas na Cohab e cadastradas no movimento de moradia na luta por justiça. Os novos donos vão pagar um financiamento com parcelas que variam de 180 a 240 reais. 

Quarenta e três famílias estão aguardando pela reforma em uma ocupação no prédio ao lado.  Leide é uma delas. O filho, de 4 anos, nasceu no prestes maia. E ela não vê a hora de pegar as chaves da casa própria. 

Ibirapuera mais verde

Em dois anos de concessão, o Ibirapuera ficou mais verde. Muitos pontos onde só havia terra exposta ganharam grama nova. Foram recuperados sessenta mil metros quadrados, uma área que corresponde a seis campos de futebol.  

Houve ainda a reforma do auditório Ibirapuera, reformas de quadras esportivas, campo de futebol com grama sintética, e até uma nova quadra de areia, para o esporte em alta no momento, o beach tennis. 

Um prédio vai funcionar um centro de referência e fomento ao esporte com vestiários, chuveiros, armários, e aluguel de equipamentos como patins, skates e bicicletas. Nesses dois anos foram investidos R$ 80 milhões. 

A infraestrutura também teve melhorias. Os dez banheiros públicos foram reformados. E a equipe de manutenção dobrou de tamanho, o que garantiu ambientes mais limpos e conservados.  

A tecnologia também faz parte das mudanças. A concessionária instalou 50 câmeras pelo Ibira, que ficam de olho em tudo.   

Orquestra Sinfônica Heliópolis

Na maior favela de São Paulo a gente encontra instrumentos clássicos como violino, trompa, contrabaixo. Sim, estamos em um ensaio da orquestra sinfônica de Heliópolis. 

A primeira orquestra do mundo criada em uma favela surgiu depois do incêndio que castigou a comunidade em 1996. Na época, o maestro Silvio Baccarelli viu as imagens pela TV e achou que tinha que fazer alguma coisa para diminuir o sofrimento dos moradores. A intenção foi bem recebida.

O projeto pequeno se transformou numa sinfônica com 78 músicos e muitas histórias. A maioria vive na comunidade e viu sonhos se transformarem em realidade nas ondas da música clássica. 

Atualmente, cada músico recebe R$ 1,8 mil por mês do Instituto Bacarelli. A iniciativa foi importante para segurar talentos como Carlos Henrique. Ele chegou a ser pressionado pela família para largar a trompa e procurar um emprego que gerasse alguma renda.    

Em grego, Heliópolis significa “Cidade do Sol”. Perfeito para uma orquestra que ilumina o caminho de quem só precisa de uma oportunidade para brilhar na vida.  

Violinista Gente de São Paulo

Não é só a camisa colorida que faz esse garoto de parelheiros se destacar no palco da Musikverein, a mais importante sala de espetáculos de Viena, na Áustria

Tópicos relacionados