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Olhar de Repórter: Projeto sugere revitalização do Marco Zero de São Paulo

Instituto dos Advogados do Brasil enviou sugestão à Prefeitura de São Paulo

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A Praça da Sé de cara nova é um sonho dos paulistanos. Toda iluminada, cheia de gente, com espaço para shows, pra praticar esportes, um lugar agradável e seguro, ocupado pelas pessoas durante o dia e a noite. Essas imagens são do projeto escolhido para transformar a realidade da praça. 

O projeto é assinado pelo arquiteto Arthur Casas e foi apresentado à Prefeitura de São Paulo pelo Instituto dos Advogados do Brasil. Mas como a Estação Sé do Metrô fica embaixo da praça, agora Prefeitura e Metrô têm muito a conversar, para discutir os detalhes e a viabilidade do projeto. 

O urbanista Fábio Mariz, a convite do programa Olhar de Repórter, deu uma volta na Praça da Sé, que ele conhece muito bem. Ele diz que o projeto tem alguns problemas, como não levar em conta as obras de arte na praça e o corredor demarcado pelas palmeiras onde fica o Marco Zero da Cidade, mas que seriam facilmente resolvidos. 

O urbanista afirma que o grande desafio da prefeitura é a questão das pessoas em situação de rua, que encontram na Praça da Sé um porto seguro. 

Desde setembro a presença constante da Guarda Civil durante o dia mudou um pouco a situação da Praça da Sé. Os turistas voltaram a tirar fotos e passear por aqui, mesmo com o alto número de furtos e roubos na região. Foram 11,5 mil no ano passado e quase 10,5 mil até agosto deste ano. 

Agora, as pessoas em situação de rua ficam concentrados perto da estrutura de acolhida montada pela prefeitura.

O presidente do movimento estadual da população de rua, Robson Mendonça, afirma que hoje 2,2 mil pessoas vivem na Praça da Sé.

“Qualquer projeto só dá certo se discutido com a sociedade civil como um todo, é chamar os comerciários, os moradores”, destaca. 

É consenso que para revitalizar o Centro Histórico de São Paulo é preciso atrair novos moradores, inclusive para o entorno da Praça da Sé. Por todos os lados há placas que indicam imóveis disponíveis para locação ou à venda, que estão vazios e poderiam ser transformados em moradias. O objetivo da prefeitura é trazer 220 mil novos moradores para o centro, mas é preciso criar condições para isso.

Arborização do Centro

Planejar mais áreas verdes em São Paulo é sempre uma boa notícia e a cidade tem dois projetos específicos para isso: o primeiro é da Secretaria Municipal de Urbanismo e licenciamento de São Paulo, que quer arborizar 118 km de vias na região central da cidade, o dobro do que existe hoje. É o Caminhos Verdes.

Noventa e três vias do centro vão ser contempladas. São 60,7 km de implantação de novos caminhos e 57,4 de recuperação de caminhos já existentes.

Fazem parte do projeto as avenidas do Estado, Rangel Pestana e Celso Garcia.

O entorno da região antes conhecida como Cracolândia, também vai ser recuperado. 

Os corredores de árvores vão criar áreas de sombra e, com isso, temperaturas mais amenas e melhora do microclima da região central da cidade. Andar por ali, onde o verde é ausente, vai ser bem mais agradável. 

A proposta também quer reduzir as inundações na cidade, com a criação de 24 novas áreas verdes além de recuperar oito que já existem. Seis delas são próximas aos rios Tietê e Tamanduateí e não têm capacidade de absorver as águas das chuvas. 

Outro projeto de arborização da cidade, é o da Seclima -  a Secretaria de Mudanças Climáticas -  que, com patrocínio privado, vai deixar os calçadões daqui do centro histórico e também da avenida paulista mais iluminados, verdes e floridos.

A ideia é criar conjuntos de árvores e vasos ornamentais, junto com luminárias. Na primeira fase, 22 quadras do centro histórico vão ser revitalizadas.

Manutenção de Calçadas

Uma calçada bem conservada garante a segurança daquele conhecido direito de ir e vir.  Tanto, que entre 2019 e 2020, a prefeitura de São Paulo requalificou mais de 1,6 mil metros quadrados de passeio.

O plano de metas 2021-2024 prevê a manutenção de 1,5 milhão de metros quadrados de calçadas. Mas até agora, foram entregues pouco mais de 285 mil. Segundo a prefeitura, a licitação foi suspensa em junho deste ano depois de questionamentos feitos pelo tribunal de contas do município.

Diretor da Associação pela Mobilidade à Pé de São Paulo, Oliver Scarcelli critica a falta de ação da prefeitura.

Exemplos ruins estão por toda parte. Na Rua Peruíbe, em Pinheiros, a calçada praticamente nem existe. Por ali só sobrou um trechinho de poucos centímetros, o que incentiva o pessoal a seguir à pé pela rua. Exemplos como esse aparecem em um levantamento que usou um software especializado para analisar 30 mil quilômetros de calçadas pela cidade. O diretor do instituto responsável pelo estudo Luis fernando Meyer disse que 40% delas não atingem a largura mínima, que segundo ele é de 1,9 metro.

Na Rua Maria Rosa, no Itaim Bibi, a calçada toda tem, no máximo um metro de largura. Nesse ponto, os espaços destinados para a árvore e para o jardim deixam um corredor que mal dá para uma pessoa passar. Nesse outro ponto, a qualidade do piso piora ainda mais a situação.

Na Avenida Duquesa de Goiás, na Zona Sul, o que chama a atenção nessa parte da calçada é o desnível. Do outro lado da rua, mais problemas. A escada, quase colada ao poste, dificulta a passagem. Mais adiante, o borracheiro colocou pneus e até uma banheira na calçada para poder trabalhar. Quem passa por ali não tem outra alternativa a não ser transitar pela avenida movimentada.

Novo perfil de Embu das Artes

A cidade de Embu das Artes foi durante anos conhecida pela feirinha de artesanato e pelos bares e restaurantes. Foi! Ela continua o destino de passeios familiares de fim de semana, mas os outlets são a nova febre da cidade. São mais de 50 abertos nos últimos anos. Têm de tudo, para todos os bolsos e gostos. 

A mudança do perfil econômico da cidade também mudou o fluxo de pessoas que visitam Embú das Artes. Os dias da semana ficaram bem movimentados, e os lojistas já perceberam essa tendência.

A mudança não parou por aí. Pertinho do Rodoanel, às margens da BR-116 e com pouco mais de 270 mil habitantes, Embu das Artes também tem se transformado em um importante polo logístico, com a abertura de várias empresas do setor. O empresário Mahmoud El Kadri conta que foi muito fácil e rápido abrir um negócio ali. A loja de móveis dele é a única entre dezenas que não vende o segundo produto mais tradicional de Embu das Artes: os móveis rústicos, que desde os anos de 1980 fazem sucesso na região. 

Mas é o artesanto o produto mais tradicional de Embu das Artes. A feira de artes, que já foi a feira hyppie, existe oficialmente desde os anos de 1960 e recentemente foi declarada patrimônio imaterial do Estado de São Paulo, recebe cerca de 30 mil pessoas todos os finais de semana.

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