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Rabino: Israel mira terroristas, mas atinge 35 palestinos em zona humanitária

Israel alega que agiu "de acordo com o direito internacional". Ataque está sendo investigado

Por Moises Rabinovici

Rabino: Israel mira terroristas, mas atinge 35 palestinos em zona humanitária
REUTERS/Hatem Khaled

Os caças israelenses decolaram para matar dois “importantes” terroristas do Hamas em Rafah, mas provocaram um incêndio que matou pelo menos 35 palestinos abrigados em tendas numa área designada como zona humanitária.

Israel alega que agiu “de acordo com o direito internacional, utilizando munições precisas, e com base em informações prévias que indicavam a presença do Hamas na área”, acrescentando que está investigando o que aconteceu.

Os dois alvos originais foram eliminados: Yassin Rabia e Khalid Nagaar, que operavam na Cisjordânia. Os outros mortos, por enquanto 35, estão provocando uma onda de indignação mundial contra Israel, que se negou a cumprir a sentença do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, para interromper a ofensiva militar em Rafah, proferida na sexta-feira.

O Egito condenou “o bombardeio deliberado das forças israelenses contra as tendas dos deslocados na cidade palestina de Rafah... em uma nova e flagrante violação das disposições do direito internacional”. A Jordânia e o Kuwait condenaram “os crimes de guerra” perpetrados pelas forças israelenses em Gaza, e apelaram à comunidade internacional a obrigar Israel a aderir a decisão do TIJ da semana passada. Para o Catar, “a grave violação das leis internacionais vai agravar a crise humanitária em Gaza”, e pode liquidar o reinício das negociações para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns, previsto para esta semana.

O ministro italiano da Defesa Guido Crosetto considerou “a situação cada vez mais difícil, com o povo palestino a ser esmagado sem respeito aos direitos humanos — mulheres e crianças inocentes que nada têm a ver com o Hamas”. Ele ainda disse que “assiste a tudo com desespero”. A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos chamou de “horríveis” os ataques em Rafah. “Gaza é um inferno na terra. As imagens de domingo à noite são mais uma prova disso”.

O Ministério da Saúde do Hamas em Gaza está revolvendo os escombros do incêndio em busca de mais mortos e feridos. “Muitos” não conseguiram escapar, avaliou. O fogo queimou as tendas montadas para os deslocados no bairro de Tal al-Sultan, a dois quilômetros do centro de Rafah. Em Ramallah, na Cisjordânia, a Autoridade Palestina divulgou um comunicado em que pede “intervenção internacional imediata para pôr um fim aos crimes e massacre” de Israel.

A ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou que a decisão do TIJ é vinculativa e deve ser respeitada. “Nenhum refém israelense será libertado se mais pessoas tiverem que se abrigar em tendas. O direito humanitário internacional se aplica a todos e para a condução da guerra por parte de Israel”. A Casa Branca não se pronunciou até a manhã desta segunda-feira. Apenas informou que estava coletando dados.

Nesta terça-feira, a Irlanda, Espanha e Noruega deverão oficializar o reconhecimento da Palestina, já reconhecida por 140 países e o Vaticano. Hoje, o dia 234 da guerra começou com a infiltração de um “avião hostil”, provavelmente um drone armado, ao norte de Israel. A aviação israelense atacou a área de Aitaroun, no sul do Líbano, de onde o Hezbollah lançou um ataque ao kibutz Malkia.

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