Enquanto em Haia o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ordenava a Israel que “interrompa imediatamente” a sua ofensiva em Gaza, Israel a ampliava desde a manhã desta sexta-feira (24), com uma batalha em Jabalya e tanques avançando em Rafah.
Para o TIJ, os desdobramentos da guerra de mais de sete meses em Gaza são “excepcionalmente graves” para uma população já “extremamente vulnerável”. A situação humanitária em Rafah foi julgada “desastrosa”. O acórdão conclui que “os esforços de evacuação de Israel não são suficientes para proteger os palestinos”.
As decisões do TIJ “não tem dentes”, ou força de implementação, e Israel já anunciou, antecipadamente, que não vai cumpri-las. É provável que os palestinos e países aliados tentem agora a imposição de um cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU.
“Israel tem o dever moral e nacional de resgatar os reféns”, declarou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, referindo-se a 123 cativos ainda com o Hamas.
Esta foi a quarta petição da África do Sul ao TIJ, desde que iniciou um processo em que acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza, ainda em julgamento. Outra corte em Haia, o Tribunal Penal Internacional (TIP), está estudando se concede os mandados de prisão ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ao ministro da Defesa Yoav Gallant, e aos líderes do Hamas, pedidos pelo procurador-chefe Karim Khan. O TIP não tem jurisdição em Israel, nem nos EUA, mas os “procurados” pelos mandados de prisão não poderão pisar em 140 países que, sim, poderão prendê-los. O Brasil é um deles.
A guerra em Gaza começou depois que o Hamas invadiu Israel, em 7 de outubro, matou cerca de 1.200 pessoas e capturou mais de 200 reféns para trocas posteriores por prisioneiros palestinos. O corpo de um dos reféns, o brasileiro Michel Nisembaum, foi resgatado ontem pelas tropas israelenses, ao junto com dois outros. O Ministério da Saúde do Hamas informa a morte de mais 35 mil palestinos, sem distinção entre civis e combatentes, e maioria mulheres e crianças.