Rodrigo Oliveira revela reação ao virar jurado do MasterChef e bênção do Fogaça

Chef do restaurante Mocotó entra para o time do programa da Band. Em entrevista, ele diz como espera avaliar os participantes ao lado de Helena Rizzo e Erick Jacquin

Felipe Pinheiro

“Junto com o susto veio uma baita dose de adrenalina”. É assim que Rodrigo Oliveira recebeu o convite para ser jurado da 10ª temporada do MasterChef Brasil, que estreia em breve na tela da Band. De dólmã e com seu habitual sorriso largo, o chef do Mocotó recebeu a reportagem do Band.com.br no restaurante na Vila Medeiros, na zona norte de São Paulo, para um bate-papo exclusivo sobre a expectativa para um dos maiores desafios de sua vida.  

No mesmo restaurante onde Rodrigo despertou o amor pela culinária ao acompanhar o pai, Zé Almeida, na condução do Mocotó, ele foi convidado para entrar no time formado por Helena Rizzo, Erick Jacquin e Ana Paula Padrão. Ele assumirá a vaga de Henrique Fogaça, que voltará nas temporadas seguintes.

“Estar na televisão em um programa tão representativo! Ele toca tanto as pessoas que pensei, será que dou conta disso tudo? E de estar ao lado de gente da estatura da Helena, Jacquin e da Ana Paula, uma grande comunicadora? Pensei que sim, e que pode ser uma grande oportunidade. Um grande desafio pessoal, mas também a chance de representar a nossa quebrada, a nossa comunidade e os nordestinos”, afirma.  

As razões para estar no MasterChef passaram rapidamente na cabeça do chef da Vila Medeiros, sendo que uma das principais é ser voz da culinária nordestina – algo que norteia os passos do chef que fez do Mocotó um dos restaurantes mais procurados da cidade.

“A gente defende uma cozinha sertaneja que sempre foi estigmatizada. Tudo isso passou pela cabeça em um milésimo de segundo e em mais três segundos de conversa, falei: não sei se dou conta, mas vou tentar. Eu topo. Espero levar para o programa um pouco dessa brasilidade dos nossos restaurantes. Para mostrar que essa cozinha brasileira deve ter tanta notoriedade quanto qualquer outra cozinha do mundo”.

Como será o novo jurado?


Rodrigo Oliveira circula pelas mesas abarrotadas de gente de todos os cantos do Brasil, que fazem fila de espera para saborear o inconfundível dadinho de tapioca, o baião de dois e a famosa mocofava – para citar apenas alguns dos carros-chefes do restaurante. Cumprimenta, posa para fotos e distribui cumprimentos aos clientes. Conhecido pelo lado afetuoso, como será que ele deseja desempenhar o papel de avaliador no MasterChef?

“Quero, de alguma forma, levar alguma suavidade para o programa. As pessoas comentam, ‘mas ele é tão bonzinho e calminho’. Na verdade, aqui dentro as coisas se transformam e me vejo como um cara muito severo nos compromissos, no trato com o produto, mas especialmente nos relacionamentos”, diz.  

Gostaria de mostrar que a cozinha, mesmo a profissional, pode ter rigor e suavidade. O mundo já é tão áspero, né? Não precisamos exacerbar isso na cozinha.


Ele sabe que, eventualmente, terá de puxar a orelha dos participantes – mas com o intuito de ajudá-los a sair do programa mais capacitados do que entraram.  

“Em alguns momentos críticos precisarei endurecer. Não pela parte cinematográfica da coisa, mas para instruir. O que mais me marcou nesse convite, é o compromisso da equipe em honrar a participação das pessoas. Não fazer nada que prejudique nem minimamente a performance delas ali. Adoraria poder contribuir para que as pessoas saiam dessa experiência melhores do que entraram”, explica.  

O universo do MasterChef é familiar a Rodrigo Oliveira por ele já ter feito algumas participações especiais. A familiaridade com o formato é um trunfo, e chegará em boa hora no ano em que o programa comemora uma década no Brasil. “Sempre fui bem acolhido. Sensação de estar indo para casa”, define.


“Sei que Fogaça confia em mim”


Rodrigo e Fogaça já tinham uma boa relação e conversaram sobre as mudanças no programa. Para o chef do Mocotó, era importante ter o aval do antecessor.

“Uma amizade vale mais do que qualquer projeto e qualquer negócio. Escrevi para ele pedindo a bênção e agradecendo por esse endosso na participação. Sempre conversamos, trocamos ideias e dessa vez não foi diferente. Foi tudo conversado. Sei que ele confia em mim e farei o máximo para honrar esse breve intervalo que ele vai fazer”, declara.  

Mocotó: um restaurante verdadeiro


O Mocotó começou com Zé Almeida há 50 anos, completados em 2023. Após cinco décadas, Rodrigo mora a duas quadras do restaurante onde tudo começou. Ele aprendeu culinária com o pai, se especializou na área e colocou o coração no negócio que virou um fenômeno de público.

“Difícil explicar o sucesso do Mocotó. É um restaurante improvável. Um amigo disse, certa vez, que o Mocotó é um restaurante muito mais ‘acontecido’ do que planejado. E é verdade. Fazer comida nordestina, sertaneja, numa das beiradas de São Paulo, e fazer as pessoas reconhecerem valor nisso sem copiar o modelo de restauração que é cultuado: quanto mais exclusivo, caro e raro, melhor. A gente pensa o contrário. Quanto mais gente puder participar, melhor. Não é sobre se sentir exclusivo, mas sobre se sentir parte dessa história”, afirma.  

Se fosse pra dizer em uma palavra, o Mocotó é um restaurante verdadeiro. Real. Ele conta a história dessas pessoas. É um restaurante sertanejo porque são sertanejos retirantes que fundaram esse lugar. Ele está na Vila Medeiros porque foi aqui que a nossa história começou.


Rodrigo chegou a estudar engenharia ambiental, mas descobriu o curso de gastronomia e entrou de cabeça no mundo dos pratos, panelas e sabores. O Mocotó cresceu, mas não precisou trocar de endereço para ser visto. Para ser procurado e prestigiado como um dos melhores do mundo.

“Sertanejo é muito ligado ao seu lugar. E a Vila Medeiros se tornou a nossa casa. Um pedaço do sertão, da nossa história e do nosso chão em São Paulo. É por isso que eu moro aqui. Acredito que daqui mais 50 anos ainda estaremos aqui”.  

“Se não é para ser o melhor do mundo, para que seria?”


Após uma trajetória de sucesso e de tradição, qual seria a missão de Rodrigo Oliveira com o Mocotó? Para o chef, a resposta está no DNA do restaurante.  

"Já me perguntaram, certa vez, se  nosso objetivo era ser o primeiro de determinada lista ou ganhar uma quantidade X de estrelas, e eu respondi que não, mas fiquei me perguntando por que se não é para ser o melhor? A gente tenta sempre fazer tudo o melhor possível. Pode ser um torresmo, uma caipirinha ou um baião de dois. Se não é para ser o melhor do mundo, para que seria? A nossa motivação é fazer com o nosso restaurante um mundo um pouco melhor”, declara.