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Gigante da Fórmula 1, Ford volta de olho nas mudanças da categoria

Emanuel Colombari

Imagem: FIA / Getty Images / Red Bull Content Pool
Imagem: FIA / Getty Images / Red Bull Content Pool

Ninguém tem dúvidas da importância da Ford na história da Fórmula 1.

Desde que o sueco Erik Lundgren se inscreveu para disputar o GP da Alemanha de 1951 com um motor da fabricante (e ter ficado fora da prova), a marca fundada por Henry Ford se tornou uma potência na F1. Com passagem ininterrupta pela categoria entre 1963 e 1999, empurrou os carros que conquistaram 13 títulos mundiais de pilotos – empatando com a Mercedes, atrás apenas dos 15 da Ferrari. De 1968 a 1994, nomes como Graham Hill, Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, James Hunt, Nelson Piquet e Michael Schumacher foram campeões graças aos motores Ford.

Essa história chegou ao fim de maneira discreta em 1999, quando Stewart e Minardi corriam com motores Ford. Embora vendida à própria Ford para virar Jaguar em 2000, o novo time corria com motores Cosworth, divisão que pertencia à montadora, mas trabalhava de forma independente. A Ford ainda forneceu motores à Jordan em 2003 e 2004, dando lugar à Toyota em 2005. Também em 2005, a Jaguar virou Red Bull, com motores Cosworth.

Mas este hiato chegará ao fim depois de mais de duas décadas, em 2026, quando a Ford será parceira no fornecimento de motores da própria Red Bull. A rigor, a parceria Red Bull Ford Powertrains vai desenvolver um novo sistema de propulsão que equipará os carros de Red Bull e AlphaTauri a partir de 2026, com compromisso válido pelo menos até o fim de 2030.

É mais ou menos a função que a Honda tem hoje no desenvolvimento dos Red Bull Powertrains atualmente, em contrato válido até 2025. Até lá, no entanto, o departamento de unidades de potência da Red Bull já começa a desenvolver seus novos motores com uma nova parceira, com estreia marcada para 2026 – temporada que terá a entrada de um novo regulamento.

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Desde já, a Ford ajudará a Red Bull Powertrains a desenvolver uma nova unidade de potência para se enquadrar em um novo regulamento técnico, que incluirá um motor elétrico de 350 kw e um novo motor a combustão adaptado a combustíveis sintéticos. A ideia a partir de 2026 é diminuir a emissão de poluentes, zerando a emissão de carbono da Fórmula 1 até 2030.

Para isso, a Ford promete fornecer conhecimento técnico em todas as áreas nas quais possa agregar valor à Red Bull. Os departamentos que devem ser explorados de maneira conjunta vão do desenvolvimento de motores a combustão a tecnologias fundamentais, como células de bateria, softwares de controle e análise de dados.

A volta da Ford à F1, é claro, não é apenas nostalgia ou oportunidade de marketing. Atualmente, a montadora investe US$ 50 bilhões na busca pela liderança do mercado mundial de veículos elétricos. Até o final de 2023, a promessa é de produzir 600 mil veículos elétricos em todo o mundo, chegando a 2 milhões até o fim de 2026. E a categoria será, novamente, um laboratório para a Ford – além de, é claro, funcionar como uma excelente oportunidade para a exibição no mercado dos elétricos.

“O retorno da Ford à Fórmula 1 com a Red Bull Racing tem tudo a ver com onde estamos indo como empresa - veículos e experiências modernos, cada vez mais elétricos e definidos por software”, afirmou Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “A F1 será uma plataforma de incrível custo-benefício para inovar, compartilhar ideias e tecnologias e interagir com dezenas de milhões de novos clientes”, acrescentou.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.