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Andretti na F1: a espera por uma vaga pode estar chegando ao fim?

Emanuel Colombari

Imagem: Andretti Autosport/Site oficial
Imagem: Andretti Autosport/Site oficial

O interesse de uma equipe como a Andretti na Fórmula 1 parecia ser o sonho de fãs e da própria categoria, que tem demonstrado especial atenção nos últimos anos com o mercado norte-americano.

Imagine só contar no grid com uma marca que, em duas décadas na Indy, já contou com nomes como Tony Kanaan, Dario Franchitti, Bryan Herta, Dan Wheldon, Danica Patrick, Ryan Hunter-Reay, James Hinchcliffe, Alexander Rossi, Colton Herta e Romain Grosjean, entre outros pilotos? Com seis vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis? Com presenças em categorias ainda como a Fórmula E, a Indy NXT (antiga Indy Lights) e a Supercars?

Não deveria ser uma escolha muito difícil para a F1. Mas, até aqui, as negociações têm demorado mais do que provavelmente todo mundo esperava.

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A história toda surgiu com força em agosto de 2021, quando pintaram os primeiros rumores de uma possível presença da Andretti na F1. Na época, o noticiário apontava para uma conversa de Michael Andretti com uma equipe do grid – cogitava-se a Haas. Depois, os boatos apontaram para outras direções, incluindo Williams e Sauber.

Em outubro, ganhou força a história de que a Andretti compraria a Sauber (responsável pelas operações da Alfa Romeo) e entraria no grid já em 2022. O martelo só não foi batido porque as partes não chegaram a um acordo sobre o controle da equipe.

Mas a Andretti não desistiu. Em fevereiro de 2022, Mario Andretti – pai de Michael e, obviamente, campeão mundial em 1978 – anunciou que o filho propôs à FIA a entrada da equipe na F1. A categoria podia ganhar um 11º time – desde o fim de 2016, quando a Manor fechou as portas, há apenas 20 carros no grid.

Os Andretti têm trabalhado bastante a partir do anúncio. Já comunicaram um acordo de fornecimento de motores com a Renault e iniciaram em dezembro a construção de uma grande sede nos EUA, para acomodar não apenas as operações da organização em diversas categorias, mas também em outras futuras iniciativas.

Imagem: Andretti Autosport/Site oficial

Só que todo esse empenho ainda não conquistou o coração da F1. A novidade conta com o apoio de representantes importantes, como Alpine e McLaren. Na outra ponta, porém, a Mercedes é quem resiste mais abertamente. E por um motivo óbvio: dinheiro.

O Pacto de Concórdia assinado em 2020 pelas equipes prevê que uma parte dos lucros da F1 seja dividido entre as 10 escuderias – assim, a entrada de um 11º time diminuiria o montante de cada uma. Para combater isso, a alternativa do pacto é que cada novo time pague US$ 200 milhões para entrar na F1, um valor que seria dividido entre cada time. Um montante que não parece ser problema para a Andretti.

Mas não é só isso. A Mercedes espera que uma nova desafiante no grid possa demonstrar que irá acrescentar valor (financeiro) à categoria. E até mesmo o chefe de equipe da Haas, Günther Steiner, defende que o pagamento do chamado fundo de diluição seja recalculado (para mais) diante da recente valorização da F1.

A família Andretti já indicou cansaço com a espera em algumas ocasiões, mas Michael Andretti não desanima. Em maio, a expectativa era de um OK da FIA em setembro ou outubro. Depois, para o meio de dezembro. Mais tarde, para o fim de dezembro.

Mas a FIA, enfim, deu pistas de que o chá de cadeira da Andretti pode estar perto do fim. Em 2 de janeiro, o presidente da entidade, Mohammed Ben Sulayem, foi ao Twitter para indicar a possibilidade de novas equipes na F1.

“Pedi para minha equipe na FIA lançar um processo de Manifestações de Interesse para possíveis novas equipes para o Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA”, disse o dirigente.

Não é o sinal verde que Michael Andretti esperava para o fim de 2022, mas é um sinal positivo. A FIA, enfim, abre as portas para novas equipes na F1. E não há dúvidas de que a Andretti é a primeira da fila.

Diante de um cenário em que a candidatura da Andretti parecia fazer água, a mensagem de Ben Sulayem parece ser, enfim, um passo à frente.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.