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Pazuello responsabiliza governo do AM pela falta de oxigênio em hospitais

Durante depoimento, o general ex-ministro da Saúde confirmou que Bolsonaro participou de reunião sobre a crise no estado do Amazonas

Da redação

Ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, na CPI da Covid
Ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, na CPI da Covid
Jefferson Rudy/Agência Senado

O ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou em seu segundo dia de depoimento à CPI da Covid que a decisão de não intervir no situação do estado do Amazonas durante a crise de falta de oxigênio para pacientes das UTIs foi tomada por um conselho de ministros. Pazuello confirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou da reunião, e responsabilizou o governador do AM pelo colapso.

“O governador [do Amazonas, Wilson Lima (PSC)] foi chamado para a reunião interministerial, apresentou a sua posição e houve uma decisão de que não seria feita a intervenção”, afirmou Pazuello, confirmando que Bolsonaro estava presente no momento da decisão.

Perguntado se Bolsonaro decidiu pela não-intervenção para evitar o colapso no sistema de saúde do Amazonas pela falta de oxigênio, Pazuello voltou a afirmar que a medida foi acordada durante a decisão, sem confirmar se Bolsonaro concordou ou não --em sua fala, Pazuello confirmou que a decisão de intervir ou não em um estado cabe, constitucionalmente, ao presidente da República.

Pazuello afirmou que a Secretária de Saúde do Amazonas comunicou, por telefone, dificuldades sobre a logística relacionada ao transporte de oxigênio. Segundo ele, não foi informado o risco do colapso do sistema por falta de oxigênio.

AM não acompanhou seu estoque de oxigênio, diz ex-ministro

Em outro momento em que a crise no Amazonas foi debatida, Pazuello afirmou que o acompanhamento do oxigênio disponível no estado não era uma prioridade da secretaria estadual de Saúde ainda em dezembro.

"No próprio plano de contingência apresentado para nós não tinha nenhuma medida sobre oxigênio. A empresa White Martins, que é a grande fornecedora, já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez essa posição de uma forma clara desde o início. Começa aí a primeira posição de responsabilidade. Não tem como isentarmos essa posição. O contraponto é o acompanhamento da secretaria de Saúde, que não fez", disse.

Segundo ele, se a secretaria de Saúde tivesse acompanhado de perto a produção e o consumo de oxigênio, teria sido possível detectar o consumo da reserva estratégica. “Veja duas responsabilidades claras: a empresa que consome a sua reserva e não se posiciona de forma clara, e a secretaria de Saúde”.

Pazuello foi rebatido em sua fala. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) lembrou que a empresa cumpre o contrato para o fornecimento de uma determinada quantidade de oxigênio. “Se o consumo é quadruplicado, é o poder público que tem que ter responsabilidade, o governo do estado, o Ministério da Saúde e a prefeitura de Manaus. A empresa vai ser convocada para esclarecer fatos contratuais, mas a responsabilidade pública não é dela”, argumentou.

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