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São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre têm aumento de mulheres na Câmara

Da Redação, com BandNews TV

Eleitores votaram em busca de representatividade nas principais cidades do país
Eleitores votaram em busca de representatividade nas principais cidades do país
Fernando Frazão/Agência Brasil

As eleições de 2020 vão ficar marcadas pelo aumento da participação das mulheres na política. Uma mulher já foi eleita prefeita entre as capitais e cinco foram para o segundo turno. Em São Paulo, aumentou de 20% para 23,6% o número de mulheres na Câmara Municipal. No Rio de Janeiro, o aumento foi de 14% para 19%.


"Acredito que a gente tem que celebrar sempre as melhoras, mas ela ainda é muito tímida. Se a gente ficar esperando essa pequena melhora chegar a uma igualdade, a gente não vai chegar espontaneamente", analisou Hannah Maruci, mestre em Ciências Políticas pela USP e co-fundadora do Tenda das Candidatas, em entrevista para o BandNews.

De acordo com Hannah, a regra de 30% do fundo eleitoral de campanha para candidaturas femininas ajudou na questão, mas ainda está muito longe de trazer equidade ao processo eleitoral. "Os partidos privilegiam muito os mesmos homens brancos eleitos. Nós vimos que homens receberam [dinheiro] muito antes e isso faz muita diferença numa campanha. Não só o montante, mas também o momento que o dinheiro entra", disse. 

Em Porto Alegre, o aumento de participação de mulheres na Câmara Municipal deu um salto de 200%, chegando à 30% de representantes eleitas. "Foi uma surpresa esse aumento tão grande, principalmente porque o sul do país tem um eleitorado mais conservador no geral. Eu atribuo esse aumento à candidatura de Manuela d'Ávila, porque faz a diferença", explicou Hannah.

"Quem está concorrendo à prefeitura puxa muitos votos para os candidatos e candidatas a vereador. A gente não tem nenhuma certeza, mas é muito provável – até porque não aconteceu em mais lugar nenhum", completou. 

A cientista política também celebrou as vitórias de mulheres negras e trans nas principais cidades brasileiras. "É algo que a gente não pode ignorar. Em São Paulo, a mulher mais bem votada foi uma mulher trans e negra. Tiveram outras capitais que a mulher mais votada foi uma mulher trans e isso é muito importante. A gente vê um aumento da diversidade. Mais mulheres negras, que antes não tinham, em vários lugares", contou.

No entanto, para Hannah, essas candidaturas estão vencendo sem apoio do establishment. "No Rio de Janeiro, Thais Ferreira – uma das candidatas que apoiamos no Tenda das Candidatas – foi eleita e o partido não deu nenhum dinheiro para ela. É a única mulher negra do PSOL eleita na Câmara. A diversidade está entrando, mas ela está acontecendo apesar do partido", afirmou.

A cientista política ainda falou sobre a importância da representatividade para as futuras gerações. "Se eu não me vejo lá, eu não me enxergo ocupando esse lugar. Nos Estados Unidos, uma mulher negra ter sido eleita vice-presidente é muito importante, independentemente do que ela está defendendo ali como política. Meninas e mulheres negras conseguem pensar: 'Eu posso ser vice-presidente, presidente'. Essa geração mais jovem já olha política com outros olhos. A gente está caminhando, mas ainda estamos longe da paridade de gênero e de raça", finalizou.

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