A Casa da Tia Ciata, espaço cultural fundamental para a história e consolidação do samba carioca, enfrentou sua segunda invasão em menos de uma semana.
Localizado na Rua Camerino 5 no Centro do Rio, o local conhecido como Pequena África foi novamente alvo de criminosos na madrugada dessa terça-feira (26).
Os administradores relataram um prejuízo estimado em cerca de R$ 25 mil. Entre os itens furtados estão um fogão elétrico utilizado como micro-ondas, coolers, baldes da roda de samba e alimentos destinados a eventos.
Após a primeira invasão, os gestores haviam colocado tijolos para bloquear a passagem. No entanto, os criminosos conseguiram arrombar novamente.
“Para facilitar o acesso, eles arrebentaram as grades que tinha no teto, desceram e subiram nas geladeiras, onde sujaram as paredes. Quebraram suportes de tambor, quebraram a estrutura da parte de cima da casa. Nosso sentimento nesse momento é de tristeza” , conta Nilson Moreira, tataraneto da Tia Ciata e um dos diretores do local.
No último dia 21, a Casa da Tia Ciata já havia sido alvo de criminosos que, também de madrugada, furtaram equipamentos de som e iluminação, projetores de LED e outros itens utilizados na produção de eventos. Na ocasião, os criminosos também levaram R$ 700,00 do caixa do espaço cultural, parte deste valor era resultado de doações. Em resposta a essa situação, os gestores iniciaram uma campanha de arrecadação no Instagram.
Diante dos recentes acontecimentos, medidas adicionais de segurança foram implementadas. O local agora conta com o reforço na saída de ar com ferragens e a instalação de alarmes, o que acarreta um custo adicional para o espaço, que já enfrenta dificuldades financeiras.
A Casa da Tia Ciata, reconhecida por suas oficinas de música, dança, capoeira e sessões de cinema, encontra-se atualmente sem previsão para retomar suas atividades normais. Os gestores esperam que seja possível reabrir ao menos para uma exposição na próxima semana, mas ainda não há confirmações.
A região da Pequena África tem sofrido com violências diversas, que vão de furtos e assaltos a invasões. O espaço cultural, que abriga a memória de Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata, recebe um número significativo de turistas, mas com a falta de segurança do local, isso vem sendo prejudicado.
“Eu espero que isso não venha acontecer novamente. Não só aqui na Casa da tia Ciata como em outros centros culturais da região. A gente quer que as autoridades assumam mais isso daqui, pois somos uma zona de amortecimento que está registrada na UNESCO como várias instituições que trabalham com a cultura negra e que precisa dessa segurança para que o trabalho continue”, finaliza o tataraneto da Tia Ciata.
Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), a delegacia que atende a região registrou um aumento de 23,6% de furtos (total). Em fevereiro de 2023 eram 263 casos, já em fevereiro de 2024 esse número passou para 325.
Procurada, a Polícia Civil informou que agentes da 4ª DP estiveram no local para realizar perícia e buscar imagens de câmeras de segurança que ajudem a identificar os autores do crime. Até o momento não houve retorno da investigação.
*Sob supervisão de Christiano Pinho.
