Um dono de diversos postos de combustíveis e lojas de conveniência foi preso pela Polícia Civil acusado de ser um dos braços financeiros da milícia de Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho. Cléber Oliveira da Silva, o Clebinho, é o principal alvo da Operação Contaminação, realizada na manhã desta quinta-feira (1), que cumpre ainda 42 mandados de busca e apreensão no Estado do Rio e em Minas Gerais.
Os investigadores da Delegacia Especializada em Combate ao Crime Organizado e à Lavagem De Dinheiro (DCOC-LD) descobriram que os paramilitares estariam usando os estabelecimentos para lavar o dinheiro da organização criminosa.
Segundo os agentes, o crime é cometido através do método conhecido como "mescla" quando é misturado o capital ilícito, obtido a partir de extorsões e outras práticas criminosas do grupo, com o dinheiro de origem legítima das empresas legalizadas. O delegado Ricardo Carrareto explica que é por causa dessa mistura que a operação foi batizada de Contaminação.
"O nome da operação é Contaminação porque, justamente, a gente verificou indícios dessa possível mistura de capital ilícito, oriundo de atividades criminosas, com o material lícito dessas empresas, que não são empresas de fachada. Por isso que há essa mistura, essa mescla, porque dificulta muito o trabalho da polícia, no sentido de identificar a lavagem de dinheiro", explicou Carrareto.
O esquema movimenta quantias milionárias. A polícia pediu o bloqueio de R$ 93 milhões.
Durante as análises dos dados de inteligência financeira, os investigadores verificaram que Clebinho e a esposa são proprietários de inúmeros postos de gasolina e lojas de conveniência nos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, e possuem patrimônio incompatível e carros importados e imóveis de luxo em nome de outras pessoas.
Num condomínio de alto padrão, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital, os agentes apreenderam diversas joias, relógios de grife, dinheiro em espécie, incluindo dólares, além de dois fuzis e munições. Carros de luxo, celulares, documentos e mais armas foram apreendidos em outros endereços.
Relatórios de inteligência financeira indicaram movimentações suspeitas e atípicas envolvendo os investigados, como uma grande entrada de recursos em espécie depositados em contas das empresas de forma fracionada. Segundo o delegado Gabriel Poiava, Clebinho é a principal engrenagem para lavar o dinheiro da milícia do Zinho.
"O Cleber, houve a expedição do mandado de prisão porque ele já tem um histórico de envolvimento com a milícia e ele seria, a princípio, o principal articular dessa lavagem de dinheiro. Então, toda essa engrenagem desse sistema para lavar o dinheiro ele que comandaria. Então ele é o principal nesse momento, mas claro que a gente ainda tem que analisar todos os documentos apreendidos e celulares para a gente avançar e identificar outras pessoas que participam desse esquema", disse Poiava.
As investigações identificaram ainda indivíduos com anotações criminais, empregados cadastrados e oito PMs da ativa como integrantes do grupo. Um dos policiais já foi expulso da corporação. A reciclagem do dinheiro ilegal ocorria por meio de depósitos de valores suspeitos nas contas dos postos de gasolina. Eles foram alvos de mandados de busca e apreensão. Quatro pessoas foram conduzidas para a delegacia.
Em nota, a defesa de Cleber Oliveira disse que o empresário declara integralmente seus bens à Receita Federal e que tentaram mais uma vez atrelar a imagem dele à um contexto criminoso inexistente.