33 milhões de brasileiros não tem o que comer. O que significa que de 2020 para 2022, mais 14 milhões de pessoas passaram a ter um quadro de insegurança alimentar. É que mostra um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em soberania e Segurança Alimentar, divulgado nesta quarta-feira.
A Simone Cordeiro está nessa situação. Desempregada, ela tem 11 filhos. 6 moram com ela em uma ocupação no Centro do Rio junto com outras 16 famílias.
Familía grande é complicado, ‘tamo’ virando vegano quase. Come arroz, feijão, algum legume que sobra. O que dá pra sobreviver. ‘Ta’ complicado, lamenta Simone
O levantamento mostra ainda que o país regrediu ao patamar observado na década de 90. No Brasil de 2022, apenas 4 em cada 10 domicílios conseguem manter o acesso pleno a alimentação. Os demais se dividem entre aqueles que se preocupam em não ter o que comer no futuro e aquelas que já passam fome.
Para o diretor da ONG Ação e Cidadania, Kiko Afonso, o que falta são políticas públicas eficazes de combate a fome.
A pesquisa mostra ainda que a fome está presente em 65% dos lares comandados por pessoas pretas e pardas. E nas casas em que a referência é a mulher, o grau de insegurança alimentar passou de 11 para 19%.
As regiões Norte e Nordeste têm os índices mais altos de fome. Os números chegam a 71% e 68% respectivamente.
A média nacional é de 58%.