Faustão na Band

"Não é bagunça, esse é meu cabelo": Vanessa da Mata dá lições antirracistas

Durante sua participação no programa, a cantora falou sobre autoestima e ativismo

Da Redação

Vanessa da Mata participou da Pizzaria do Faustão
Vanessa da Mata participou da Pizzaria do Faustão
Renato Pizzutto / Band

Vanessa da Mata foi uma das convidadas da Pizzaria do Faustão desta segunda-feira (9) e animou o auditório com os hits “Ai, ai, ai…”, “Não me deixe só” e “Amado”. Antes de encerrar sua participação do programa, a cantora fez uma reflexão sobre a carreira e deixou um recado aos telespectadores. 

“Em qualquer profissão, chega um momento que a gente começa a se esquecer do prazer que ela deu no início do ofício. Todo mundo está aqui nesse mundo em uma engrenagem – a não ser os que estão por aí e não conseguiram se encaixar, infelizmente. Mas um ajuda o outro. O garçom serve, alguém faz a administração… E a gente [que canta] tenta trazer um alívio para todo mundo”, refletiu. 

Após ser aplaudida pela plateia, continuou. “Hoje eu tenho tantas gratidões. Comecei em um momento em que todas as meninas tinham o cabelo alisado. Todas elas não se sentiam bem, as que são da minha cor, a cor negra que eu amo muito hoje”, declarou. 

Hoje em dia todo mundo se gosta, se ama sendo negro e consegue amar seus cabelos. Tem muita gente que chega até mim e diz: ‘Você foi a primeira que eu vi na televisão, dessa geração, soltando os seus cabelos e se amando muito'.

"Tem tanta menininha pequenininha que chega com a mãe, com os cabelos enormes, as filhas também com os cabelos enormes e se amando. Elas chegam dizendo ‘obrigada, você foi uma das pessoas que trouxe isso’. Além da minha música, esse amor correspondido com vocês é muito importante para mim. Só a gente sabe o que passou. Eu sou filha de um caminhoneiro e de uma professora de primeiro grau, fui muito doente na infância”.

“Detesto ser vitimista. Não sou porque se não a gente fica naquele redemoinho de energias horrorosas, que não te levam a absolutamente nada", afirmou.

A gente tem que ser ativo, no sentido ativista da palavra. Não ser mais um povo resiliente que aceita qualquer tipo de injustiça. Quando eu vejo o Brasil mudando, sendo ativista, reclamando, se expressando, saindo daquele ranço que a ditadura deixou, eu fico muito feliz.

“E os cabelos, o se gostar, tem muito a ver com isso. É se libertar e saber que isso não é bagunça, isso é o meu cabelo. Se você nasceu, você faz sentido nesse mundo, nessa engrenagem. Sejam orgulhosos consigo, não admitam ninguém abusando de vocês, principalmente as meninas, as mulheres”, aconselhou. 

“Eu espero que um dia a gente tenha um Brasil em que as meninas possam sair às 3h da manhã e chegarem em casa com segurança absoluta”, encerrou.