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As regras que a Fórmula 1 muda (ou não) para a temporada 2024

Emanuel Colombari

(Imagem: @F1/Twitter)
(Imagem: @F1/Twitter)

A Fórmula 1 adotará um novo regulamento em 2026, pensando de maneira mais sustentável. O objetivo é neutralizar as emissões de carbono até 2030, mas equipes e pilotos estão de olho desde já – afinal, uma mudança de regulamento costuma impactar também no equilíbrio de forças da categoria.

Mas o fato de a grande mudança estar agendada par 2026 não significa que a F1 permaneça inerte até lá. O regulamento atual foi adotado em 2022, e diversas pequenas novidades foram adotadas em 2023.

A mesma vai acontecer em 2024. Pelo menos sete mudanças vão ser adotadas para o campeonato, concentrando-se principalmente no que acontece fora das pistas. Mas ainda há possibilidade de novidades para 2024 e para o futuro, e que poderiam ser vistas diretamente nas pistas pelo público.

Confira o que muda – e o que ainda não muda – para 2024:

Protestos de equipes

Toda equipe tem direito a apelar de um resultado caso se sinta injustiçada, conforme o Código Internacional de Esporte da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Para isso, precisam apresentar “novo elemento, significativo e relevante, que estava indisponível às partes” no momento das decisões originais – como punições ou resultados de corridas.

Até o final de 2023, o período para tais apelações era de 14 dias após a tomada da decisão original. A partir de 2024, a janela passa a ser menor: 96 horas, ou quatro dias, com uma possível prorrogação de 24 horas em casos excepcionais. A queixa exige o pagamento de um depósito inicial, que é devolvido às equipes caso a reclamação seja aceita – ou ainda caso a FIA julgue que a restituição seja justa.

Multas

E falando em decisões nos bastidores, pilotos e equipes podem levar multas maiores a partir de 2024. A revisão dos valores é parte de uma nova política da FIA, que não revia os valores há alguns anos, conforme anunciado pela entidade em outubro de 2023.

Até o final da última temporada, o maior valor pago por uma punição era de 250 mil euros (R$ 1,34 milhão em valores atuais), mas o montante pode chegar a 1 milhão de euros (R$ 5,37 milhões na cotação atual) a partir de agora. Os pilotos, é claro, não gostaram.

Duração de componentes

Ao longo do campeonato de 2024, cada carro poderá utilizar até três unidades do motor de combustão interna, da MGU-H (unidade de recuperação de energia térmica), da MGU-K (unidade de recuperação de energia cinética) e do turbo. Uma troca fora do limite resulta em punição.

Até 2023, cada carro poderia realizar quatro trocas ao longo do ano antes de uma sanção. Para outros dois componentes (armazenamento de energia e controle eletrônico), o limite segue sendo de duas trocas por temporada.

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Eventos promocionais

As equipes podem utilizar até dois carros em eventos promocionais, geralmente usados para filmagens envolvendo patrocinadores. As ocasiões também são usadas como uma espécie de shakedown, para que engenheiros e pilotos confiram eventuais problemas.

Até o fim de 2023, esses eventos podiam acontecer duas vezes por ano, com 100 km de limite – ou 20 voltas em um circuito de 5 km. De 2024 em diante, os times podem fazer 200 km, mas em uma única data.

Testes de carros antigos

As equipes podem utilizar pilotos que não sejam titulares para testes ao longo do ano, desde que utilizem carros que disputaram campeonatos pelo menos dois anos antes. Assim, em 2023, as agendas podiam utilizar carros da temporada 2021, por exemplo. A exceção foi 2022, já que as mudanças de regulamento adotadas naquele ano permitiram o uso dos defasados carros de 2021.

Em 2024, os testes já incluem carros utilizados em 2022, sob o novo regulamento geral da F1. Por isso, os testes com modelos antigos passam a exigir que todos os componentes do carro que irá para a pista tenham sido utilizados pelo menos uma vez em corridas, de forma a evitar que a programação seja usada para avaliar novas peças para 2024.

Teto de gastos

Segundo a Fórmula 1, o teto de gastos tem sido avaliado de maneira positiva como ferramenta para diminuir a distância entre primeiros e últimos colocados, já que todas as equipes marcaram presença com regularidade no Q3. Mesmo a Haas, lanterna do Mundial de construtores, marcou mais pontos (12) do que qualquer equipe na mesma posição desde 2010, quando o atual sistema de pontuação foi adotado.

Para tentar diminuir ainda mais essa diferença, a F1 aumentou o limite de investimentos que podem ser feitas exclusivamente em instalações nos próximos quatro anos. Para Haas, Stake (então Alfa Romeo), Visa Cash App RB (então AlphaTauri) e Williams, que terminaram em média nas últimas quatro posições desde 2020, o teto sobe de US$ 45 milhões (quase R$ 242 milhões) para US$ 65 milhões (quase R$ 350 milhões). Para Alpine, Aston Martin e McLaren, sobe para US$ 58 milhões (quase R$ 312 milhões). Para Ferrari, Mercedes e Red Bull, vai a US$ 51 milhões (pouco mais de R$ 274 milhões).

Roll hoop

Desde o grave acidente sofrido por Guanyu Zhou no GP da Inglaterra de 2022, a Fórmula 1 tem dedicado especial atenção ao roll hoop – uma espécie de santantônio, localizado logo acima da cabeça do piloto.

Para 2023, a altura da peça aumentou um pouco, de 900 mm para 950 mm. Agora, para 2024, a ideia é que o equipamento suporte níveis ainda mais altos de pressão.

Corridas sprint

A temporada 2024 terá seis corridas sprint, e a Fórmula 1 já anunciou em 2023 que haverá um novo formato para elas. Só ainda não decidiu qual será – se é que haverá.

Em novembro de 2023, a categoria definiu que mudará a forma de realização da sprint, de forma a otimizar ainda mais o final de semana de cada Grande Prêmio. No entanto, os detalhes ainda serão escolhidos em reuniões e serão apresentados no começo de 2024.

Calotas

Esta, na verdade, é uma não-mudança.

A adoção do novo regulamento da F1 em 2022 trouxe calotas às rodas dos carros. A ideia era de que pelo menos uma das calotas funcionasse como um display rotativo de informações em 2024.

A mudança, no entanto, teria impacto no limite de peso dos carros. Ainda que os detalhes da proposta tenham sido apresentados em 2023, a novidade foi descartada para 2024 – o que não impede, porém, que a possibilidade seja revista no futuro.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.