Esporte

Copa América: veja sedes, tabela e entenda como o torneio veio para o Brasil

Brasil recebe evento em meio à pandemia após desistências de Colômbia e Argentina

Da Redação

A Copa América de 2021 vai acontecer no Brasil. Depois da desistência das duas sedes originais do torneio e de uma reunião de emergência da Confederação Sul-Americana de Futebol, foi comunicado que o país vai receber o evento mais uma vez - assim como ocorreu em 2019. 

O anúncio desta segunda-feira (31) surpreendeu e gerou polêmica, uma vez que o Brasil segue com alto número de casos e mortes por Covid-19. 

Entenda abaixo a reviravolta que trouxe a competição ao país, em quais cidades os jogos vão acontecer, as chaves do torneio e mais informações sobre a competição. 

Quando e em quais países seria a Copa América?

A Copa América seria realizada em junho de 2020 de forma conjunta por Argentina e Colômbia. No entanto, a exemplo do que aconteceu com a Eurocopa, o torneio foi adiado em um ano por causa da pandemia do novo coronavírus. Desta forma, Argentina e Colômbia receberiam o torneio entre 13 de junho e 10 de julho de 2021.

Só que isso não vai acontecer porque as duas sedes desistiram de organizar o torneio. A primeira a abrir mão foi a Colômbia. Em 20 de maio, a Conmebol anunciou que não seria possível realizar o evento por causa de protestos violentos e da instabilidade política do país.

A Argentina, então, tornou-se a sede única da competição de seleções mais antiga do mundo. No entanto, após dias de muita especulação, a Conmebol anunciou na noite de 30 de maio, domingo, que o país também não receberia o evento por causa do avanço da pandemia por lá. 

Desta forma, a Copa América foi suspensa a duas semanas de seu início, e uma reunião emergencial foi convocada pela Conmebol para a manhã seguinte. 

Como a Copa América veio parar no Brasil?

De acordo com a própria Conmebol, o presidente da entidade, Alejandro Dominguez, entrou em contato com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Rogério Caboclo, para avaliar a possibilidade de o Brasil receber o torneio após a desistência da Argentina. 

Caboclo, por sua vez, conversou com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que imediatamente apoiou a iniciativa, com a aprovação dos Ministérios da Casa Civil, da Saúde, das Relações Exteriores e da Secretaria Nacional do Esporte.

“O governo do Brasil demonstrou agilidade e capacidade de decisão em um momento fundamental para o futebol sul-americano”, disse Domínguez, acrescentando que “o Brasil vive um momento de estabilidade, tem comprovada infraestrutura e experiência acumulada e recentemente organizou uma competição desta magnitude”.

Junto ao anúncio de que o torneio seria no Brasil, a Conmebol informou que as sedes e a tabela dos jogos seriam divulgadas “em breve”. 

Bolsonaro se manifestou pela primeira vez após a confirmação da Conmebol na terça-feira (1), confirmando o aval do governo ao torneio e criticando a “pressão da imprensa”.  

"Porque, quando se fala em Copa América, querem questionar: ‘Ah, que causa aglomeração, ajuda a espalhar o vírus, etc’. É pressão dessa imprensa chamada Globo, nada mais além disso. No que depender de mim, e de todos os ministros, inclusive o da Saúde, já está acertado, haverá”, explicou o presidente, dizendo que o protocolo será “o mesmo da Libertadores”. 

O ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, garantiu que a competição não terá público e que todos os membros das dez delegações devem estar vacinados contra Covid-19. Ele ainda criticou as reações contrárias à realização da Copa América e citou que os campeonatos locais estão acontecendo normalmente. “Não sei por que algumas pessoas se pronunciaram contra o evento se há jogos do Campeonato Brasileiro, estaduais, Libertadores...”, declarou.

Quais serão as sedes do torneio?

Assim que o Brasil foi anunciado como palco da Copa América na segunda-feira (31), governos estaduais passaram a se posicionar contra ou a favor do evento em suas capitais. 

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que o estado só sediaria jogos da Copa América se as partidas fossem sem público e respeitarem os protocolos já adotados no estado. Mesmo com os protocolos, ele chamou a atenção para o risco de contaminação entre os jogadores. O principal estádio da capital baiana, a Arena Fonte Nova, atualmente é utilizado como hospital de campanha e ponto de vacinação contra a Covid-19.

Já o governo do Rio Grande do Norte se posicionou contra a realização da Copa América. De acordo com a governadora Fátima Bezerra (PT), o estado não tem condições epidemiológicas para receber o evento, embora tenha estruturas físicas para realizá-lo. O estado conta com a Arena das Dunas, em Natal, estádio que recebeu jogos da Copa do Mundo de 2014.

Ainda no Nordeste, o governo de Pernambuco se posicionou contra a realização de jogos da Copa América deste ano no estado. O executivo estadual afirmou que “o atual cenário epidemiológico não permite a realização de evento do porte da Copa América no território de Pernambuco” (Recife seria uma das sedes previstas pela Conmebol).

No Centro-Oeste, o presidente do Atlético-GO, Adson Batista, colocou o Antônio Accioly, estádio do clube, à disposição da Conmebol. Segundo ele, tanto o governador do estado, Ronaldo Caiado (DEM), quanto o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), são favoráveis à competição.

Já o governo do Distrito Federal afirmou que aceitaria receber as partidas desde que as regras sanitárias sejam seguidas. O consórcio que administra o Mané Garrincha disse que tem datas disponíveis para receber os jogos.

O governo do Rio de Janeiro, por sua vez, afirmou na segunda-feira que ainda não havia sido comunicado sobre a realização do evento, assim como o Consórcio Maracanã. 

Em São Paulo, João Doria disse na segunda que não impediria a realização de jogos da competição no território paulista. Na terça-feira, porém, o governo paulista afirmou que ficaria fora após o Centro de Contingência do coronavírus dizer que a realização de partidas do torneio durante a pandemia “representaria uma má sinalização de arrefecimento no controle da transmissão do coronavírus”.

Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que seria “inoportuno e inconsequente” que o país seja sede da Copa América em meio à pandemia e que rejeitaria qualquer pedido que deve chegar pela CBF e pela Conmebol.

No final da tarde de terça (1), Bolsonaro  anunciou quatro sedes da Copa América deste ano. Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal receberão partidas do torneio, segundo o presidente. Com isso, a tendência é que o Maracanã seja o palco da final da competição.

Qual é a tabela de jogos?

A Conmebol divulgou a tabela de jogos na noite de quarta-feira (02). A seleção brasileira estreia no 13 contra a Venezuela, às 18h, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Este será o jogo de abertura da competição.

O Maracanã só vai receber a final, enquanto o Nilton Santos, no Rio, recebe sete jogos. Goiânia (Estádio Olímpico) e Brasília (Mané Garrincha) serão palco de oito partidas e Cuiabá (Arena Pantanal) terá cinco. Clique aqui e veja a tabela completa!

Novo dono da casa, o Brasil está no Grupo A, ao lado da Venezuela, Peru, Colômbia e Equador. Já o Grupo B tem Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai. 

Os quatro primeiros de cada chave avançam para as quartas de final, que serão realizadas em jogo único assim como a semi e a decisão. 

Meio político reage

Brasília, que curiosamente será uma das sedes, se agitou após a notícia de que a Copa América será realizada no país com anuência do governo federal. 

Relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL) fez críticas contundentes à realização da Copa América do Brasil na comissão do Senado que investiga ações do governo na pandemia. E cobrou que a seleção brasileira, em especial seu capitão e camisa 10 Neymar, se posicione contra a disputa, que chamou de "campeonato da morte".

“É inacreditável que o governo federal queira sediar a Copa América aqui no Brasil no exato momento em que a pandemia se agrava e enche como nunca os nossos cemitérios e nossas UTIs. A terceira onda começa a chegar. Seria transformar esta Copa América em campeonato da morte”, declarou o senador.

O deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) anunciou que entraria na Justiça contra a realização do evento no país. Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou pedido para que Rogério Caboclo, presidente da CBF, deponha na CPI da Covid.

Comentaristas da Band criticam

Em seu canal no Youtube, Craque Neto classificou a realização da Copa América no Brasil como “o maior absurdo de todos os tempos”. “Quando a gente tem quase 500 mil mortes no nosso país e que a gente não tem nem a primeira vacina e nem a segunda dose (...) E aí, a Copa América vai ser no Brasil?”, questionou.

Comentaristas do Jogo Aberto também reprovaram a novidade. “O Brasil tá tranquilo né?”, ironizou Denílson. “Vem para cá. No Brasil tudo pode. Para mim é uma vergonha. A gente vai ter que comentar, falar, mas é uma vergonha que a CBF tenha autorizado”. 

"Não tem como apoiar isso nessa situação que estamos passando. Povo morrendo, vacinação lenta... Não consigo apoiar", concordou Ulisses Costa.

Já Héverton Guimarães ironizou que a Conmebol tenha usado a palavra alegria ao anunciar a mudança de sede. "Não vem com essa de trazer alegria. Alegria é vacina no braço do povo", disparou. 

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