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Cracolândia: “Não tem anjinho ali”, diz prefeito de São Paulo

Ricardo Nunes disse, sem mostrar dados, que “a grande maioria" dos dependentes químicos "é egressa do sistema prisional”

Por Narley Resende

Prefeito Ricardo Nunes em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta sexta-feira (8)
Prefeito Ricardo Nunes em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta sexta-feira (8)
Reprodução / Rádio Bandeirantes

O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) disse nesta sexta-feira (8) que é necessário ter “atenção especial à segurança” ao tratar dos dependentes químicos da "Cracolândia", como é conhecida a região ocupada por traficantes e usuários de drogas em situação de rua no Centro da capital paulista. 

Segundo ele, “a grande maioria [dos dependentes químicos] é egressa do sistema prisional”. Ricardo Nunes não apresentou dados relacionados à afirmação. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o prefeito disse que “não tem anjinho ali” na Cracolândia. 

“Entre os usuários de crack, a grande maioria é egressa do sistema prisional. Não tem anjinho ali. Evidentemente muitos acabaram caindo nessa situação por uma situação pessoal. Mas a gente tem que ser realista que muitos deles são pessoas que têm, é, precisa ter uma atenção especial em relação à segurança, que tem que ter com eles. Não são todos, mas os dados demonstram que muitos são”, disse na entrevista.

Nas últimas semanas, os dependentes químicos tem se espalhado pela região central da cidade, após operações policiais de dispersão, que na prática apenas ampliam o raio de concentração do “fluxo”, que é o nome dado aos grupos de usuários de drogas em um determinado ponto.

Internação involuntária não avançou 

Na avaliação do prefeito de São Paulo, a cidade precisa avançar com a internação involuntária - que se dá com autorização de familiares - de usuários de droga da região da Cracolândia para evitar novas dispersões causadas por operações policiais.

O espalhamento pela região motivou protestos de comerciantes e moradores da região central, que chegaram a se armar com pedaços de paus e entrar em confronto contra o “fluxo”. 

O único balanço divulgado pela prefeitura até agora mostra que 22 pessoas foram internadas involuntariamente desde abril, quando o método passou a ser adotado.

Nunes admite que as internações involuntárias não avançaram desde a implementação do programa na cidade. 

“Das internações involuntárias, está mais do que claro que a gente precisa avançar nesse assunto. Estou fazendo um esforço muito grande, para poder fazer um bom diálogo, não com o Ministério Público, que é uma instituição extremamente importante, mas alguns membros que podem estar fazendo uma leitura equivocada, que têm chamado meus secretários lá [para oitivas sobre as ações violentas da Guarda Civil Metropolitana]”, reclama. 

“Solidariedade aos comerciantes”

Ricardo Nunes disse que se solidariza aos comerciantes do Centro da capital, que ao longo desta semana foram alvo de invasões e assaltos

“Deixar aqui minha solidariedade aos comerciantes, não é por que sou prefeito que vou ficar escondendo o problema debaixo do tapete. Eles estão absolutamente corretos em se manifestar e mostrar insatisfação”, disse.

Apesar do problema evidentemente em ascensão, o prefeito garante que a administração municipal ampliou o atendimento de saúde para os dependentes. “Segunda-feira inaugurei um CAPS-3 Álcool e Drogas, com capacidade para 300 atendimentos por mês, ali na Armênia [região central de São Paulo] e na semana que vem inauguro mais um CAPS-3 Álcool e Drogas com capacidade para mais 300 atendimentos por mês. Custa R$ 400 mil por mês cada CAPS. Nós temos 98 na cidade”, enumera. 

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