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“Democracia não é uma baderna, mas no Brasil está virando”, diz ex-comandante da PM Glauco de Carvalho

Glauco de Carvalho ainda comentou sobre o afastamento do Coronel Aleksander Lacerda, após ataques ao governador de São Paulo e STF nas redes sociais. “O que estamos vendo é um exagero por parte de alguns colegas de profissão"

Da redação, com Rádio Bandeirantes

“Democracia não é uma baderna, mas no Brasil está virando”, diz ex-comandante da PM Glauco de Carvalho
“Democracia não é uma baderna, mas no Brasil está virando”, diz ex-comandante da PM Glauco de Carvalho
Reprodução/Rádio Bandeirantes

O Coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Glauco de Carvalho, falou na manhã deste sábado, dia 28, no Jornal Gente da Rádio Bandeirantes, sobre as manifestações políticas de militares da ativa. “A democracia não é uma baderna, só que no Brasil a democracia está virando uma libertinagem, uma baderna”, disse.  

Glauco comentou especificamente sobre o afastamento do Coronel da ativa Aleksander Lacerda, após ataques ao governador de São Paulo e STF nas redes sociais. “O que estamos vendo é um exagero por parte de alguns colegas de profissão. Tanto Coronel Aleksander, quanto o ex-comandante da Rota Alberto Sardilli são amigos fraternos, foram meus ex-alunos, são pessoas íntegras e corretas, mas estão passando dos limites do que estabelece a lei e a Constituição Federal”, afirmou.

Glauco de Carvalho, que está na reserva da polícia há mais de seis anos, explicou que os policiais da ativa, ou seja, aqueles que ainda estão em serviço ao estado ou governo federal, são proibidos pela legislação de expor opiniões políticas. Já os que estão na reserva (aposentados ou afastados das corporações) têm limites de expressão. “O Código Penal Militar e regulamentos internos das policias e Forças Armadas impedem taxativamente, seja militar Federal, seja estadual, de executar ou exercer política eleitoral partidária. Isso porque o militar porta armas, tem instrumento para defesa do estado”, afirmou. “Como dizia Max Weber há mais de um século ‘eles monopolizam a força do estado’, logo não podem ter envolvimento político partidário”, completou. 

Agora, o militar da reserva pode exercer vida político-partidária, mas até determinado ponto. “O Brasil também perdeu um pouco seus limites éticos, seus valores morais, e nós que somos, hoje, maioria silenciosa, temos que impor enquanto opinião legalista. E entre os amigos que continuam prezando – e peço a eles que entendam isso não como questão pessoal, mas profissional –, eles ultrapassaram esses limites éticos, esses limites legais e, portanto, tem que ser responsabilizados”.

O Brasil também perdeu um pouco seus limites éticos, seus valores morais


Glauco reforçou que até os policiais da reserva não estão reconhecendo limites e defendeu uma regulação do que pode ou não pode fazer. “Nós não estamos mais reconhecendo esses limites. Esse é o grande problema que estamos vivendo (...), por isso, a Assembleia tem que regular quais são os parâmetros em que os integrantes das chamadas carreiras do estado podem se manifestar. E eu vou ser bem franco, issonão se aplica apenas aos policiais militares, mas a juízes, promotores, delegados, auditores fiscais, ou seja, todos aqueles que detém uma parcela de poder do estado”, disse. “A democracia não é uma baderna, só que no Brasil a democracia está virando uma libertinagem, uma baderna”, completou. 

O ex-comandante da PM ainda se mostrou preocupado com o futuro da democracia para as próximas gerações. “Isso não significa que eu concorde com tudo o que ocorreu no Brasil nesses últimos 20 anos, 30 anos, mas, temos que achar soluções para os problemas contemporâneos dentro da democracia e dentro de certos limites. Aqueles que ultrapassam determinados limites, eles têm que ser responsabilizados pelos seus atos e pelas palavras”.

Assista a entrevista na íntegra abaixo: 

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