Jornal da Band

Ação pede R$ 17 bilhões para ressarcir vítimas de fraude do 'Faraó dos Bitcoins'

Novo processo pede, além do pagamento dos investidores, a devolução de valores, somado aos juros prometidos pelos contratos. Neles, a empresa garantia lucro mensal de 10%

Nicolle Timm

Ação pede R$ 17 bilhões para ressarcir vítimas de fraude do faraó dos bitcoins
Ação pede R$ 17 bilhões para ressarcir vítimas de fraude do faraó dos bitcoins
Reprodução

Uma nova ação na Justiça pede R$ 17 bilhões para ressarcir 300 mil pessoas vítimas de fraude de Glaidson Acácio dos Santos, o ‘Faraó dos Bitcoins’.

O novo processo pede, além do pagamento dos investidores, a devolução de valores, somado aos juros prometidos pelos contratos. Neles, a empresa garantia lucro mensal de 10%.

Segundo a nova ação, o esquema do ‘Faraó dos Bitcoins’ envolveu as economias de mais de 50 mil famílias, chegando a um número estimado de 300 mil pessoas prejudicadas.

A associação diz ainda que o bloqueio de R$ 300 milhões da empresa, determinado pela Justiça do Rio de Janeiro, não representa nem 1% do valor a ser pago a todos os clientes.

Glaidson Acácio dos Santos está preso desde agosto do ano passado. Ele é acusado de chefiar um esquema ilegal de investimentos envolvendo criptomoedas. Segundo um relatório da Polícia Federal, o valor movimentado pela empresa dele entre 2015 e 2021 foi de R$ 38,2 bilhões.

Quem é o “Faraó dos Bitcoins”?

Glaidson ficou conhecido como o "Faraó dos Bitcoins", em referência a um esquema de pirâmide financeira, que também é investigado pela Polícia Civil do Rio. As promessas de retorno financeiro sobre o valor investido (10%) eram incompatíveis com a realidade. Por causa disso, a cidade de Cabo Frio, onde a empresa operava, ficou conhecida como "Novo Egito".

Ele era garçom e ganhava R$ 800 reais por mês até se tornar dono da GAS - a empresa de Cabo Frio entrou na mira da polícia depois que R$ 7 milhões foram apreendidos prestes a serem levados de helicóptero de Búzios (RJ) para São Paulo. A investigação foi desencadeada a partir daí, em maio.

Glaidson foi preso em 25 de agosto, na casa dele, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na deflagração da operação. Durante a busca, os agentes apreenderam quase R$ 14 milhões em espécie, guardadas em malas, além da maior apreensão de criptomoedas da história do Brasil: aproximadamente R$ 150 milhões em criptoativos. Os agentes apreenderam ainda 21 carros de luxo, relógios de alto padrão e joias. 

Em nota, a GAS alega que possui sólidos argumentos jurídicos para refutar as acusações formuladas, aptos a evidenciar a absoluta licitude e regularidade de suas atividades.

Operação Kryptos

A 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro tornou réus o empresário Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria Bitcoin, e mais 16 pessoas. A denúncia apresentada pelo Ministério Público foi aceita pelo juiz Vitor Valpuesta. Eles irão responder pelos crimes contra o sistema financeiro nacional, gestão fraudulenta e organização criminosa. 

A empresa teve R$ 38 bilhões bloqueados pela Justiça e deixou de pagar os rendimentos prometidos aos clientes. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) encaminhado à Polícia Federal aponta que, só nos últimos 12 meses, foram cerca de R$ 17 bilhões movimentados por Glaidson.

Na prisão

O empresário Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”, teria pago propina a um funcionário da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) ao ser preso em agosto, no Rio de Janeiro.

Outros servidores teriam cobrado mais dinheiro do empresário, que teria se recusado a pagar. Como retaliação à suposta negativa, teria sido imputado a Glaidson a descoberta de peças de picanha e celulares no presídio em que ele estava, no Complexo de Gericinó.

Tópicos relacionados