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Saúde convoca audiência sobre cartilha que pode dificultar o aborto legal

Tema é de interesse do presidente Bolsonaro, que inclusive criticou o aborto legal em menina de 11 anos estuprada

Da redação

Ministério da Saúde marcou audiência pública para semana que vem
Ministério da Saúde marcou audiência pública para semana que vem
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A cartilha com novas orientações sobre aborto legal será o tema de uma audiência pública convocada pelo secretário pelo secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, com data marcada para a próxima terça-feira (28). O assunto, de interesse do governo federal, prevê investigação policial em casos de interrupção da gravidez após estupro.

Em meio a essa discussão, há polêmica da juíza Joana Ribeiro, que orientou uma vítima de estupro de 11 anos a não fazer um aborto, mesmo com respaldo legal. Sobre o tema, o presidente Jair Bolsonaro (PL) usou as redes sociais para criticar a interrupção da gravidez da menor.

O presidente disse que acionou os ministérios da Justiça e Mulher, Família e Direitos Humanos para investigar supostos abusos cometidos pelos envolvidos no que ele chamou de “morte de um bebê saudável de sete meses”.

“Solicitei ao MJ e ao MMFDH que apurem os abusos cometidos pelos envolvidos nesse processo que causou a morte de um bebê saudável com 7 meses de gestação, da violação do sigilo de justiça e do total desprezo pelas leis e princípios éticos, à exposição de uma menina de 11 anos”, escreveu o presidente.

Pela lei brasileira, o aborto não é considerado crime em três situações: estupro, risco de vida à mãe e em casos em que se comprove a má formação do cérebro e fetos. Esta última está em vigor desde 2012, após entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).

Aborto após investigação policial

A nova cartilha elaborada pelo Ministério da Saúde defende que não há aborto legal e trata a medida, em casos excepcionais, como “excludente de ilicitude”, desde que haja investigação policial sobre supostos estupros. O editor-geral do documento é o próprio secretário Rapahel Câmara.

"Não existe aborto ‘legal’ como é costumeiramente citado, inclusive em textos técnicos. O que existe é o aborto com excludente de ilicitude. Todo aborto é um crime, mas quando comprovadas as situações de excludente de ilicitude após investigação policial, ele deixa de ser punido, como a interrupção da gravidez por risco materno", pontua o documento disponibilizado em endereço on-line ligado ao Ministério da Saúde.

Sobre a audiência do dia 28, um ofício da Defensoria Pública de 12 estados pede o adiamento do evento até que haja garantias de ampla participação pública. Além disso, o documento solicita a suspensão da cartilha para a correção de informações “imprecisas e/ou equivocadas” sobre o aborto legal.

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