Após receber autorização da Anvisa, o spray nasal Spravato, desenvolvido para o tratamento de depressão, passa a ser vendido no Brasil ainda em janeiro. Desde a década de 60, o medicamento era utilizado apenas como anestésico, mas, a partir de uma alteração na molécula, começou a ser prescrito para pacientes com casos graves de depressão, como os que levam a comportamentos suicidas.
Criado pelo laboratório Janssen, o Cloridrato de Escetamina foi o responsável por promover uma melhora definitiva à médica Liana Teles. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, ela conta que luta com a doença desde 2015 e, após várias tentativas com remédios convencionais, sentiu eficiência e melhora ao receber a medicação intravenosa ainda nas primeiras doses.
“Mudou a minha autoestima, o meu trabalho, tudo o que eu tinha dificuldade, desde a concentração e até o meu paladar, comecei a sentir mais o gosto das coisas”, explica.
Segundo o psiquiatra Lúcio Botelho, a principal diferença entre os medicamentos já conhecidos e o Spravato é o tempo de resposta mais curto ao tratamento. “Enquanto atualmente a gente tem que esperar de quatro a oito semanas para ter um resultado com as medicações orais, estatisticamente cerca de 50% das pessoas que usaram o Cloridrato melhoraram com cerca de uma semana de tratamento.”
O medicamento pode ser aplicado em pacientes de todas as idades, mas só pode ser utilizado com a supervisão de um médico em hospitais ou clínicas autorizadas. O uso como antidepressivo já é permitido em países como Estados Unidos, Canadá e parte da União Europeia. Segundo dados da OMS, cerca de 6% da população brasileira ou 12 milhões de pessoas sofrem com a doença apontada como o mal do século.