Representantes de vítimas de tragédias que ocorreram nos últimos anos no Brasil cobram uma responsabilização de agentes públicos.
Nesta sexta-feira (12), a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à Organização dos Estados Americanos, se reuniu virtualmente com vítimas dos episódios em uma audiência para discutir se o Estado brasileiro tem envolvimento nas violações de direitos humanos causadas por atividades comerciais.
Um dos casos debatidos na sessão foi o incêndio no alojamento do Centro de Treinamento do Ninho do Urubu, que aconteceu em 2019 e deixou 10 adolescentes, entre 14 e 16 anos, mortos.
Darlei Pisetta é pai de Bernardo, goleiro da base do Flamengo que não resistiu ao incêndio. Na audiência, ele expressou tristeza e revolta, e reclamou da falta de ações tomadas pelo clube.
Outras tragédias também foram abordadas na sessão, como os rompimentos das barragens da Vale e da BHP, em Mariana, em 2015, e também da Vale em Brumadinho, em 2019, o afundamento causado pela mineradora Braskem com a exploração do subsolo em Maceió, em 2018, além do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 2013.
A advogada Tamara Biolo Soares afirma que, em todos os casos, agentes públicos tiveram parcela de responsabilidade. Com isso, ela explica as solicitações que os familiares das vítimas fazem ao Estado brasileiro.
As cinco tragédias mencionadas na audiência vitimaram mais de 500 pessoas e também deixaram moradores desabrigados.
Procurado, o Flamengo não se manifestou sobre o assunto. Em maio, a Justiça do Rio manteve a indenização que o clube vai ter de pagar à família de Christian Esmério, uma das vítimas do incêndio.