O número de pessoas registradas como caçadoras, atiradoras desportivas e colecionadoras de armas (CACs) quase triplicou entre janeiro de 2020 a julho 2022 na 1ª Região Militar - que inclui Rio de Janeiro e Espírito Santo. Os dados foram mapeados pela ONG Instituto Igarapé, via Lei de Acesso à Informação.
O salto acompanha a alta no número do acervo de colecionares que passou de cerca de 11.600 (11.612) armas registradas nos últimos dois anos nos dois Estados para aproximadamente 29.600 (29.644).
A ONG destaca que o crescimento é acompanhado pelo baixo empenho para a adoção de medidas de aprimoramento de controle e fiscalização dos arsenais destas categorias. Para a gerente do Instituto Igarapé, Michele Ramos, o descontrole na fiscalização facilita o acesso de armas a criminosos.
"Esse descontrole faz com que criminosos façam uso do registro nessas categorias para terem acesso a armas e munições legais, que são desviados e usados pela criminalidade", disse Michele.
Em janeiro, uma operação conjunta da Polícia Civil e Ministério Público resultou na apreensão de 55 armas, sendo 26 fuzis registrados por colecionadores, no Grajaú, na Zona Norte. As investigações apontaram que o armamento pertencia ao Comando Vermelho, uma das maiores facções criminosas do Rio.
No mesmo mês, em um desdobramento da operação foram apreendidos milhares de cartuchos de munição de fuzil, estojos, insumos e equipamentos para recarga de arma de uso restrito. O material foi encontrado escondido às margens do Arco Metropolitano.
As investigações apontaram que o material bélico seria futuramente revendido ao tráfico de drogas. A Polícia Civil disse ter novas investigações em curso, mas não pôde precisar por questões de sigilo.