Notícias

Entenda o processo da FIA para escolher possíveis novas equipes para a F1

Emanuel Colombari

Imagem: Emanuel Colombari/Band
Imagem: Emanuel Colombari/Band

Não é de hoje que a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) tenta incluir novas equipes no grid da Fórmula 1 – em uma queda de braço do presidente da entidade, Mohammed Ben Sulayem, contra boa parte das equipes do atual grid.

A novidade da vez é a abertura de um processo oficial de seleção de potenciais interessadas. O anúncio foi feito nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, pela entidade.

A promessa da FIA é de uma avaliação minuciosa de cada candidatura, de forma a tentar minar a resistência do grid atual. As propostas terão que indicar recursos técnicos e humanos de cada possível equipe, indicando também como os projetos pretendem cumprir a meta de zerar as emissões de carbono até 2030 e atingir “um impacto social positivo através de sua participação no esporte”.

Como resposta a uma manifestação preliminar, a Federação responderá com os critérios de seleção, os prazos e os requisitos legais.

Leia também:

Mas imagine que você aí acordou com um monte de dinheiro no banco e decidiu tentar criar uma equipe na Fórmula 1. E agora?

Bom, para início de conversa, o processo demanda muitas formalidades – justamente porque a F1 quer evitar que alguém apareça do nada, monte uma equipe que suma depois de duas temporadas e vá embora, prejudicando o crescimento a longo prazo da categoria.

O site Motorsport.com destrinchou as etapas do processo. É simples, mas suficiente para separar aventureiros e propostas mais sérias. Confira:

Documentação, acordo e pagamento

O primeiro passo é um contato com a FIA para apresentar as intenções da potencial equipe. Coisa simples, por e-mail mesmo.

Neste primeiro contato, a candidatura deve apresentar seis tipos diferentes de documentos:

  • Uma carta de apresentação da potencial equipe
  • Os contatos completos da candidatura, identificando um responsável para contato direto com nome, telefone, e-mail e endereço postal
  • Os detalhes da organização, com endereço e detalhes de infraestrutura, entre outras informações
  • As identidades de todos os acionistas da equipe e o beneficiário final de todas as ações
  • Identificação de todos os diretores, incluindo departamentos, cargos e currículos
  • Informações sobre o histórico da equipe e sobre as capacidades para o automobilismo, incluindo experiência técnica, experiência em competições, instalações, equipamentos e recursos de engenharia

Feito tudo isso, a candidatura assina um acordo de confidencialidade com a FIA, além de pagar uma inscrição no valor de US$ 20 mil (pouco mais de R$ 100 mil, em conversão atual), sem posterior reembolso. Pronto: o primeiro passo foi dado.

Pagamento (mais um) e vistoria

Feita a manifestação de interesse, a FIA tem até 48 horas para informar as potenciais equipes se elas avançaram para um processo de avaliação mais formal. Esta comunicação pode ser feita até 17 de fevereiro.

Para esta segunda etapa, cada candidatura deve pagar US$ 300 mil (quase R$ 1,5 milhão), embora a inscrição inicial possa ser abatida deste montante. Esta quantia é usada para que a FIA conclua sua avaliação.

Segundo o site, os detalhes desta nova avaliação ainda teriam sido tornados públicos. No entanto, é sabido que eles devem cobrir várias questões:

  • Os recursos e as capacidades técnicas da equipe
  • O trabalho feito pela equipe para arrecadar e manter recursos suficientes para ser competitiva, ao mesmo tempo em que cumpre obrigações financeiras
  • O trabalho feita pela equipe para atingir e cumprir obrigações de acordo com regulamentos esportivos, técnicos e financeiros da Fórmula 1
  • Um detalhado plano de negócios (incluindo projeções financeiras) para os primeiros cinco anos do projeto
  • A experiência e as capacidades da equipe nos setores automotivo e/ou automobilístico (incluindo experiência técnica, experiência em corridas, instalações, equipamentos e recursos de engenharia), além da experiência dos profissionais do time
  • Se a equipe e todas as pessoas que se propõem a participar da propriedade, do controle ou da administração do time são aptas e adequadas para as funções
  • Considerações de sustentabilidade, de EDI (sigla em inglês para “igualdade, diversidade e inclusão”) e de benefícios para a sociedade
  • A avalição da FIA a respeito do valor que a candidatura poderá oferecer à Fórmula 1, incluindo a respeito de sua reputação e sua integridade

Ah, e não acabou! Feito tudo isso, os detentores de direitos comerciais da F1 podem incluir critérios adicionais que julguem necessários à avaliação.

Prazos, mas sem garantia

Para candidaturas que se proponham a encarar tudo isso, FIA e FOM (Formula One Management) devem se pronunciar sobre solicitações até o dia 30 de junho.

A FIA adianta que, mesmo que eventuais equipes sejam selecionadas, não há garantia de que conseguirão vagas no grid da Fórmula 1.

“Para evitar dúvidas, nenhum novo candidato tem direito automático de entrada no campeonato e o número máximo de equipes competindo no campeonato até a temporada de 2025, inclusive, é limitado a 12”, informou a Federação em nota, ainda de acordo com o site Motorsport.com.

“As equipes de F1 existentes terão prioridade sobre as novas candidatas. No caso de nenhuma candidata ser considerado adequada pela FIA e/ou pelo detentor dos direitos comerciais da F1, nenhuma nova equipe de F1 será selecionada”, conclui.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.