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"O sem teto não é vagabundo; é sua diarista, seu porteiro, seu motorista de Uber", diz Guilherme Boulos

Da Redação

Guilherme Boulos, candidato do Psol à Prefeitura de São Paulo
Guilherme Boulos, candidato do Psol à Prefeitura de São Paulo
Band Eleições

O programa Band Eleições desta quinta-feira, 8, recebe o candidato à prefeito de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos. O programa tem a apresentação da Sheila Magalhães e participação do jornalista Pedro Campos.

Aos entrevistadores, Boulos diz que pretende acabar com as fake news que envolvem o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que ele defende há mais de 20 anos e é alvo de deturpações. "O MTST nunca invadiu a casa de ninguém. Primeiro que sem teto não é vagabundo, terrorista. O sem teto às vezes é a diarista que trabalha na sua casa, o porteiro do seu prédio, o motorista do Uber que você pega. São pessoas que trabalham e mesmo assim não tem dinheiro para morar de forma decente", pontua. 

Boulos afirma ainda que, como prefeito, vai cumprir decisões judiciais de reintegração de posse, "senão vai preso", mas não irá permitir despejos, por exemplo, principalmente em épocas de crise como na pandemia de coronavírus. 

"Eu aprendi a não ver isso com indiferença, a me indignar quando vejo alguém jogado na sarjeta", diz. "E isso tem solução. O governo não olha para essas pessoas como se elas fossem gente. Eu vou atuar em duas ações fortes: criando casas solidárias para acolher com tratamento digno e política de moradia popular extensa em São Paulo. A cidade tem 25 mil pessoas morando na rua e 40 mil imóveis ociosos; essa conta não fecha". 

Pandemia 

Guilherme Boulos também critica a atual gestão nas políticas para lidar com a pandemia de covid-19. "Durante seis meses caiu um avião por dia na periferia", afirma sobre as mortes pela doença. "A prefeitura deixou hospitais vazios. O Sorocabano tem só um andar aberto; o da Brasilândia é novo e só tem 12% de leitos ocupados; o de Parelheiros também não foi ocupado integralmente; o Menino Jesus está fechado, e o prefeito botou uma organização social em contratos emergenciais e sem licitação para hospitais de campanha e não melhorou os hospitais já existentes. Não é esquisito isso?", questiona.

Na saúde, Boulos diz que pretende abrir concurso do Mais Médicos para a periferia da cidade. Ele ainda destacou que é o único candidato à Prefeitura de São Paulo que é dessa região. "Sou o único que vive essa realidade; não vou lá na periferia em véspera de eleição abraçar criancinhas e comer pastel fazendo cara feia”.

Educação

Na opinião do candidato, ainda não é hora do retorno às aulas na capital. "Como professor e pai de duas crianças, não podemos aceitar a volta precoce sem que tenha segurança de saúde. A vida é em primeiro lugar" ressalta. 

Boulos destacou ainda que a pandemia evidenciou as desigualdades na cidade e pretende usar verba pública para zerar a fila de creches. "Vai chegar R$ 2 bi do novo Fundeb, que ajudamos a provar na Câmara mesmo o [presidente Jair] Bolsonaro não querendo, e com esse dinheiro in vestido na educação infantil dá para melhorar as creches e zerar a fila de 21 mil alunos".

O candidato do Psol também fala a respeito de um programa de transferência de renda que gostaria de implantar. “Tem R$ 17 bi em caixa parado na Prefeitura. Com esse dinheiro e também subindo o ISS [imposto sobre serviço] dos bancos e enfrentando as máfias da cidade, vamos lançar um programa ousado chamado Renda Solidária, garantindo um auxílio de R$ 200 a R$ 400 para um milhão de famílias em extrema pobreza, priorizando as mães solos”.

"O programa terá um custo de R$ 3 bi a R$ 3,5 bi por ano e, quando a renda chegar para essas pessoas, o comércio explode em contratações, porque o beneficiário vai gastar esse dinheiro no açougue, no mercado, no cabeleireiro do bairro, fazendo a economia girar e melhorando a vida das pessoas”, conclui.

Assista ao programa na íntegra:

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