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Presidente do PSDB diz que Bolsonaro foi "capturado pelo governo de coalizão"

Datena

Ao comentar a possibilidade de uma nova reforma ministerial, Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, disse nesta quarta-feira (21) à Rádio Bandeirantes que o presidente da República Jair Bolsonaro foi "capturado pelo governo de coalizão" e está "morrendo pela boca" ao se aliar ao bloco conhecido como Centrão.

Bolsonaro anunciou mais cedo que pretende fazer a reforma na próxima semana. Ele estuda entregar a Casa Civil ao presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira. O atual chefe da pasta, general Luiz Eduardo Ramos, iria para a Secretaria-Geral da Presidência, ocupada por Onyx Lorenzoni (DEM). O ministro, por sua vez, ocuparia o Ministério do Trabalho e Emprego, recriado com a divisão do "Superministério" da Economia de Paulo Guedes.

"Quem assiste a convenção que lançou a candidatura de Bolsonaro lá atrás vê as críticas que eram feitas ao Centrão. O general Augusto Heleno fazia críticas duríssimas, estabelecia o Centrão como o 'grande mal da boa política' e garantia a distância do presidente desse ambiente. Ele está absolutamente capturado pelo governo de coalizão. Há uma distância imensa entre o discurso e a prática. Não estou dizendo o que deve e o que não deve fazer, mas Bolsonaro e seu governo estão morrendo pela boca, fazendo tudo que diziam que não fariam na relação com o Congresso Nacional", declarou Araújo.

O tucano ressaltou, no entanto, que é preciso aguardar para ver se as promessas a respeito da reforma ministerial serão de fato concretizadas, o que, segundo ele, nem sempre acontece quando se trata do presidente. Como exemplo, citou as constantes denúncias não comprovadas de Bolsonaro em relação a fraudes nas eleições.

A mais recente diz respeito ao pleito de 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) venceu o candidato Aécio Neves (PSDB). Bolsonaro disse que vai provar a fraude com ajuda de um "hacker do bem" e do "pessoal que entende de informática", o que ainda não aconteceu.

"Temos que aguardar para ver se haverá reforma. O presidente tem por ato dar declarações que levam um tempo para ver se concretizam. Anuncia agora que vai provar fraude nas eleições, uma das acusações mais graves da história. Vamos ver se é uma grave firula, uma irresponsabilidade ou se é algo consistente. Eu não acredito. Em 2014 nós fizemos um requerimento para auditar as urnas. A diferença foi realmente mínima, faltou voto mesmo. Mas vamos aguardar para ver se está apenas brincando com as instituições."

"É curioso que ele mesmo se elegeu assim [com votação em urna eletrônica]. Deve ter uns 30 mandatos dentro de casa, contando os dele e os dos filhos dele na vida pública. Tudo isso foi fraudado?"

PSDB deve ter candidato em 2022

Sobre as eleições presidenciais de 2022, Bruno Araújo adiantou que o PSDB realizará uma votação interna no dia 21 de novembro para definir quem será o candidato do partido no pleito. Até o momento, os pré-candidatos mais cotados são João Doria (governador de São Paulo), Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul), Tasso Jereissati (ex-governador do Ceará) e Arthur Virgílio (ex-senador pelo Amazonas).

"Os partidos escolhem seus candidatos na cúpula de acordo com o prestígio. Foi assim ao longo do PSDB, sempre com grandes quadros, lideranças construídas internamente. Hoje temos mais de quatro pré-candidatos a presidente e eu matei no peito uma decisão solitária, posteriormente compartilhada, de marcarmos eleições internas. O PSDB vai exercitar a democracia internamente", explicou, destacando que "ninguém faz um projeto de prévias tão denso se não tiver a intenção de lançar uma candidatura".