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Moradores da Muzema vivem aterrorizados por conta de tiroteios na região

Confronto se estende desde a madrugada de quarta-feira (22)

Por Daniel Henrique

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Fernando Frazão

Moradores da Muzema, na Zona Oeste do Rio, viveram momentos de terror durante toda a madrugada desta quinta-feira (23), por conta de um tiroteio entre policiais militares e traficantes que dominam a região.

O confronto se estende desde a madrugada de quarta-feira (22). Segundo a PM, o policiamento foi intensificado na comunidade para ações de varredura, em busca de criminosos, e de remoção de barricadas instaladas na região.

Nas redes sociais, os moradores destacam o uso de armas de grosso calibre e até mesmo de granadas pelos traficantes.

Os estrondos foram ouvidos até por moradores de um condomínio da Barra da Tijuca, próximo ao Shopping Downtown, como conta um ouvinte da BandNews FM, identificado como Gabriel.

"Sempre tivemos muita paz nesse condomínio, mas agora realmente virou um inferno. Hoje, por exemplo, de manhã, por volta de seis, sete horas da manhã, um tiroteio com bomba, com granada, uma coisa que assusta e a gente nunca tinha ouvido isso. Como os fundos do condomínio dão para a Lagoa de Marapendi, o som vem puro, porque não tem prédios nem árvores impedindo a propagação do som. Então realmente a gente se sente muito acuado."

Historicamente, a Muzema era controlada pela milícia. Mas no fim do ano passado, a região sofreu com uma guerra pela disputa do controle territorial, que passou para as mãos dos traficantes.

Segundo o professor de sociologia e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense, Daniel Hirata, os confrontos se intensificaram após a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021, chefe da maior milícia em atividade até então no Rio de Janeiro.

"Depois da morte de Ecko, sobretudo, há uma disputa interna a essas milícias. As facções do tráfico de drogas e, particularmente o Comando Vermelho, passa a atuar buscando tomar essas regiões dessas milícias vistas como enfraquecidas porque fragmentadas. É isso que nós testemunhamos nos últimos anos na intensificação dos conflitos armados na Zona Oeste. É necessário que se tome medidas para não só estancar esses confrontos entre os grupos armados pelo controle territorial, mas também para proteger os moradores, que ficam em uma situação bastante exposta."

O sociólogo especialista em segurança pública, José Cláudio Souza Alves, explica que a Muzema tem uma localização estratégica por ser próximo de uma parte mais rica da Zona Oeste, e com fácil conexão com a Zona Sul.

"Primeiro, por causa dessa movimentação de grandes recursos, valores, dinheiro. E também porque é uma área de destinação de vários grupos migratórios que estão vindo para o Rio de Janeiro e tão se deslocando até de outras áreas do Rio de Janeiro para ir para essa região. E também porque é uma área estratégica. Geopoliticamente falando, ela faz essa conexão Zona Sul, Zona Oeste, Barra, Recreio. Ali você tem um fácil acesso e uma conexão com essas outras regiões, como todo Jacarepaguá, Praça Seca, tudo ali está muito próximo, muito conectado. Ali também é base eleitoral de vários grupos políticos, que têm ali toda sua definição em termos eleitorais."

Próximo à comunidade, a Polícia Militar prendeu um criminoso com 100 munições de fuzil durante uma abordagem na Estrada de Jacarepaguá, altura do Anil, na noite de quarta-feira (22). No entanto, durante o confronto, não houve o registro de prisões ou apreensões.

A Clínica da Família Padre Marcos Vinicio Miranda Vieira precisou suspender as atividades externas, como visitas domiciliares, nesta quinta-feira (23). As unidades municipais de educação não foram afetadas.

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